Retomando o conteúdo da sua mensagem de Natal, o bispo diocesano citou a exortação apostólica ‘Ecclesia in Europa’ do Papa João Paulo II, para afirmar que “a Europa precisa de fazer um salto qualitativo na tomada de consciência da sua herança espiritual”. “O estímulo para isso só lhe pode vir de uma nova escuta do Evangelho de Cristo”, sustentou.
“Compete a todos os cristãos empenharem-se para satisfazer a fome e sede de vida. Por isso, a Igreja sente o dever de renovar com vigor a mensagem de esperança que Deus lhe confiou e que repete à Europa: «O Senhor teu Deus está no meio de ti como poderoso salvador. Europa do terceiro milénio não deixes cair os teus ‘braços’, não cedas ao desânimo, não te resignes a formas de pensar e de viver que não têm futuro, que não assentam na sólida certeza da palavra de Deus. Volta a encontrar-te, sê tu mesma, descobre as tuas origens, reaviva as tuas raízes. Não temas! O Evangelho não é contra ti, mas a teu favor. No Evangelho, que é Jesus, encontrarás a esperança sólida e duradoura porque anseias. Podes estar certa, o Evangelho da esperança não desilude. Nas vicissitudes da história de ontem e de hoje, o Evangelho é ‘luz’ que ilumina e orienta o teu caminho, é força que te sustenta nas provações, é profecia de um mundo novo, é indicação de um novo início, é convite a todos, crentes e não crentes, para traçarem caminhos sempre novos que conduzam à Europa do espírito, a fim de fazer dela uma verdadeira ‘casa’ comum onde haja alegria de viver”, citou.
Lembrando que “vivemos num tempo marcado pela incerteza, numa região com a maior taxa de desemprego do país, onde se fazem sentir, de modo crescente, as consequências que daí advêm”, o prelado considerou que o convite dirigido outrora aos pastores de Belém – “Não temais, nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor” – “adquire hoje particular atualidade”.
O bispo do Algarve desejou que a celebração do nascimento de Jesus conduza a “renovado, e cada vez mais autêntico, modo de viver e de amar”, “fazendo de cada um e de todos semeadores da esperança”, “fruto do amor solidário recebido e oferecido”. “O mistério do Natal ensina-nos que é possível vivermos de modo diferente porque é possível, para quem acolhe e acredita em Cristo, ser diferente”, complementou.
A terminar, D. Manuel Quintas retomou o documento pontifício de 2003 para dirigir a “Maria, mãe da esperança” a mesma súplica apresentada por João Paulo II. O bispo do Algarve pediu a Nossa Senhora pelo “futuro da Igreja, na Europa, e de todas as mulheres e homens deste continente”, para que faça crescer neles a “virtude da esperança”. Pediu ainda pela construção de “um mundo mais justo”, uma “casa comum onde sejam respeitados a dignidade e o direito de cada um”.