O sacerdote, que começou por salvaguardar que “tudo o que é timbrado pela fé é festa e deve provocar alegria” e que a celebração do Matrimónio “deve ser preparada com o casal”, por forma a respeitar-se sua “identidade e especificidade”, apontou a evolução histórica e eclesial do Matrimónio.

O padre Carlos de Aquino lembrou que “nos primeiros séculos, os cristãos já se casavam”, que “a primeira atestação de um Matrimónio surge no século V” e que os “primeiros sinais de liturgia cristã aparecem no século IV”. O conferencista explicou que “no século XI, o casamento passou a desenrolar-se à porta da igreja”, prática que se manteve até ao século XIII, e que só com o Concílio de Trento, no século XVI, “a celebração passou a realizar-se já dentro da igreja, junto ao altar e sempre antes da missa”. Apenas o Concílio Vaticano II “renovou, em 1969, o ritual do Matrimónio”, disse.

O sacerdote recordou que, para os cristãos, “o Matrimónio ultrapassa o plano familiar ou social” e destacou que “é num contexto de celebração e de oração que se realiza o sacramento do Matrimónio”. “Às vezes isto não é evidenciado na comunidade reunida e no modo como é celebrado o Matrimónio”, lamentou, criticando que “alguns, sem a orientação do bispo e sem o sentir da Igreja, opinam individualmente o critério na sua paróquia para discernirem gestos e modos para celebrar o Matrimónio que não estão correctos”.

O sacerdote destacou ainda que a mudança trazida com o Concílio Vaticano II, “reconheceu a legitimidade de costumes diversos na celebração do Matrimónio e convidou as próprias conferências episcopais a elaborar ritos próprios para os seus países”. “Não pode ser o padre de cada paróquia a discernir por si mesmo como se celebra o Matrimónio na sua paróquia”, advertiu, lamentando que, por vezes a celebração do Matrimónio não seja uma festa.

Por outro lado, lembrou aos sacerdotes nunca devem “avaliar a verdade do Matrimónio e de outras realidades a partir de comentadores ou de opiniões pessoais”, mas antes “perguntar à própria liturgia o sentido profundo” daquilo que realizam.

Apresentando a estrutura do ritual com destaque para a “riqueza” do mesmo, destacou que “a comunidade toma parte da alegria dos noivos de virem celebrar o Matrimónio” e evidenciou a importância da liturgia da Palavra de Deus na celebração. “Hoje no Algarve ainda há quem presida a casamentos onde a palavra não é relevante”, lamentou, considerando fundamental “falar da Bíblia e da importância da escritura para os cristãos” nos encontros de preparação dos noivos. “Há 35 textos bíblicos referenciados no ritual e porque é que ouvimos sempre o dos Génesis?”, questionou, frisando que deve haver uma leitura que “fale explicitamente do Matrimónio”.

O sacerdote apontou ainda as linhas orientadoras e critérios para a homilia e defendeu que haja “orientações sobre as fotografias na igreja”. “Valia a pena corrigir defeitos e expressões que acabam por criar desatenção”, justificou.

A terminar considerou que “urge anunciar, para a verdade do Matrimónio, o anúncio alegre e feliz do Matrimónio à luz do Evangelho”. “Casar-se perante a Igreja é uma autêntica confissão de fé perante a comunidade reunida e isso exige dos noivos a maturidade da própria fé e isso precisa de catequese”, disse, defendendo que “a exercitação na fé é o melhor serviço e conteúdo de toda a pastoral matrimonial em ordem à felicidade da família”.

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