Sob a marca ‘Turismo Diocese do Algarve’, à qual foi associado o slogan ‘Algarve, Encontro com Deus’ ou, na versão internacional, ‘Algarve, Together with God’, a Igreja algarvia, através do seu Setor Diocesano da Pastoral do Turismo (SDPT), desenvolveu aquele que explicou ser o seu contributo à promoção da região junto de crentes e não crentes.
Como começou por explicar o padre Miguel Neto, responsável pelo SDPT, na apresentação que teve lugar no Paço Episcopal de Faro, para além das praias, dos campos de golfe, da gastronomia atrativa e da vida aprazível graças ao clima ameno, “falta promover a identidade humanista e religiosa” de um Algarve que “pode ser, também, um lugar de encontro interpessoal e de encontro com Deus”. “Sabemos que ninguém nos vem visitar pela existência de um fenómeno de turismo religioso, mas nada nos impede de mostrarmos e promovermos junto de quem nos visita aquilo que é a nossa identidade”, afirmou, lembrando que “outros destinos turísticos mundiais realizam esta fusão”. “Já era tempo de promovermos a nossa identidade religiosa junto daqueles que nos visitam”, complementou, destacando que o projeto agora apresentado foi “totalmente feito com trabalho voluntário e sem contributo para despesas regulares”.
Luís Santos, da equipa do SDPT, citando João Paulo II, evidenciou então o turismo como algo que “não diz respeito apenas a quem exerce diretamente a atividade, mas também àqueles que têm contactos com os visitantes” e que se pode definir como “um espaço de encontro com Deus, com o outro e consigo mesmo”.
Aquele responsável, que destacou as componentes “espiritual” e “patrimonial” da oferta turística religiosa, explicitou a intenção do projeto. “Queremos que quem nos visita, ao ver o visível, consiga descobrir o invisível que originou tudo isto”, disse, referindo-se à necessidade de estabelecer “relações de complementaridade” com aeroporto, hotéis, municípios, associações turísticas, entre outros organismos.
Luís Santos explicou ainda que o projeto envolverá a edição de brochuras gerais para as quatro vigararias (Faro, Loulé, Portimão e Tavira) e três itinerários que “surgiram da necessidade de divulgar as tradições”: ‘Itinerário da Paixão e Triunfo’, ‘Itinerário Mariano’ e ‘Itinerário da Fé da Terra e do Mar’. O primeiro agrupará “todas as celebrações e festas associadas à Quaresma e Páscoa”, o segundo “todas as procissões onde haja a devoção a Nossa Senhora” e o terceiro as restantes tradições que não terão cabimento nas anteriores.
O padroeiro do Algarve, São Vicente, e os dois algarvios que “subiram à dignidade dos altares” – São Gonçalo de Lagos e o beato Vicente de Albufeira – são as personalidades que o projeto pretende dar a conhecer.
Para além disso, o projeto que quer promover o “encontro com associações turísticas e guias de turismo” para se conseguir perceber as realidades mútuas, contempla ainda uma “maior organização no caso de as visitas serem cobradas por estrita necessidade de manutenção do templo”.
Sandra Moreira, também da equipa do SDPT, enumerou as principais funcionalidades do sítio da Internet, dividido em quatro grandes áreas (vigararias) pelas quais estão agrupadas as paróquias, com destaque para os contactos, horários das celebrações, indicação de eucaristias em língua estrangeira, informação sucinta sobre património existente e coordenadas gps para cada paróquia. Aquela responsável, que apresentou ainda a imagem gráfica do projeto, informou ainda da disponibilização da liturgia das eucaristias dominicais em várias línguas para download.
António Pina, presidente da ERTA – Entidade Regional de Turismo do Algarve, manifestou a “total disponibilidade” daquele organismo para colaborar, destacando que o “produto do turismo religioso implica com os afetos, os sentimentos, o humanismo”. “O turismo é acima de tudo um espaço de afetos, de humanismo”, afirmou.
O bispo do Algarve, que lembrou que a região está ligada “há muitos séculos a esta dimensão religiosa, a partir da própria devoção e peregrinação a São Vicente”, testemunhou a “necessidade da dimensão espiritual” que “tanta gente” sente durante as férias e a obrigação da Igreja perante este facto. “Sentimos que temos esta obrigação, como Igreja diocesana, de oferecer àqueles que nos visitam a possibilidade não só de conhecerem a nossa identidade cultural e religiosa e de participarem em tantas propostas que aqui foram apresentadas, mas também de criar esse espaço de encontro consigo mesmo e com Deus, para aqueles que são crentes, e de encontro com os outros”, afirmou.
D. Manuel Quintas considera que a nova equipa do SDPT “veio preencher uma necessidade imperiosa” na Igreja algarvia, sublinhando que o trabalho naquele setor será agora feito “de maneira mais estruturada, técnica, com maior qualidade e de maneira mais abrangente”. “Com isto não quero dizer que não se fez nada até agora relativamente ao turismo”, ressalvou, destacando que também “muito que se tem feito no Algarve em favor do património”. O prelado lembrou ainda que “a missão da pastoral do turismo é também a presença junto dos que partem”.
A equipa do SDPT integra, entre outras pessoas, uma diretora e uma sócia gerente de empreendimentos turísticos e um gerente de uma agência de viagens.
Samuel Mendonça