Anunciado pelo próprio ministro a 16 de março de 2007, com um orçamento de três milhões de euros para aquele ano, o programa viria a alargar-se – com o envolvimento dos municípios algarvios e de estruturas descentralizadas – e a crescer continuamente, até 2009, mas acabaria por ser vítima da crise em 2010 e sobretudo 2011, com menos verbas envolvidas.
Mas, logo em 2007, as polémicas giraram quase todas em torno do duplo L do nome Allgarve, tornado marca chamariz para o turismo, contração da palavra inglesa “all” (que significa “tudo”, naquela língua) com o nome da região acolhedora dos eventos.
Um dia depois do lançamento do programa, o deputado Mendes Bota exigia a suspensão da marca, que considerava “uma ofensa” para o povo algarvio e “mais um atentado do poder central contra a região”.
No mesmo dia, Macário Correia pedia a demissão de Manuel Pinho, por “falta de condições” para exercer o cargo, classificando a palavra Allgarve como “um malabarismo de letras inoportuno” suscetível de criar ruído em matéria de comunicação.
Mais duro, o ex-autarca de Faro José Vitorino ameaçava mesmo recorrer à “revolta popular” e secundava a exigência de demissão de Manuel Pinho já feita por Macário Correia.
A contestação alargou-se aos empresários hoteleiros e atingiu as hostes próximas do Partido Socialista, então no poder, quando o ex-secretário de Estado do Turismo dos dois governos de António Guterres, Vítor Neto, alertou para o perigo de a palavra ganhar “a dinâmica de uma nova marca, que substitua a marca Algarve”, que “levou anos a afirmar”.
Com uma duração de apenas três meses em 2007, o programa viria a alargar o período de eventos logo no ano seguinte para seis meses, ano em que também contou, pela primeira vez, com a participação financeira e organizativa dos municípios, o que tornou possível o alargamento do orçamento inicial de 3 milhões de euros.
Contudo, nos seus primeiros três anos de vigência a programação foi da responsabilidade direta do Turismo de Portugal e só em 2010 foi criado um grupo de trabalho na região, composto por quatro personalidades do mundo das artes e coordenado por Augusto Miranda, ex-vice-presidente da Câmara de Faro no mandato de José Apolinário (PS).
Naquele ano, o conjunto de eventos já abrangia 10 meses – de fevereiro a novembro – e contava com um orçamento global de 4,64 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões da responsabilidade das autarquias.
Contudo, foi também naquele ano que empresas como a EDP e a PT – que no passado tinham contribuído com cerca de 400 mil euros – deixaram de apoiar o programa.
As verbas caíram abruptamente em 2011, ano em que o Turismo de Portugal contribuiu apenas com 1,4 milhões de euros e a programação do conjunto de eventos se ficou pelos 2 milhões de euros.
Quanto ao público dos eventos, o Allgarve registou em 2011 um total 85 mil espectadores, uma quebra face aos 190 mil de 2010.
Os primeiros anos registaram índices de assistência de 108 mil em 2009, 85 mil em 2008 e 60 mil na primeira edição, em 2007.
Ao longo dos cinco anos de programações, realizaram-se centenas de eventos nas áreas da música, gastronomia, animação e desporto e, até 2010, contou sempre com um número crescente de espetáculos e animações: 50 em 2007, 60 em 2008, 65 em 2009 e 95 em 2010. Em 2011 número de eventos quedou-se pelos 85.
Além de muitos artistas nacionais, o programa Allgarve trouxe à região dezenas de estrangeiros de primeira linha, como Elvis Costello, Lloyd Cole, Brian Ferry, Lila Down, Vaya com Dios, Vicente Amigo (2007), Herbie Hancock, Lucky Peterson, Vanessa da Mata (2008), Joss Stone, Chick Corea e Gary Burton (2009), Anastácia, Fura del Baús, McCoy Tyner, Diana Reeves (2010) e Andrew Tosh e John Holt, Raul Midon e Human League (2011).
Lusa