O Movimento Algarve Livre de Petróleo (MALP) manifestou-se na sexta-feira junto da Câmara Municipal de Loulé contra a exploração de petróleo e gás natural em terra e mar no distrito de Faro calendarizada para outubro deste ano.
A manifestação contou com a presença de cerca de meia centena de pessoas que apelaram à população algarvia que mostre de forma inequívoca a sua discordância com as ações de prospeção e futura exploração de petróleo e gás natural naquela região, onde o turismo é o grande motor económico.
O protesto estendeu-se ainda ao atual Governo, por “não travar os contratos de prospeção e exploração” previstos para o Algarve e à Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e autarcas algarvios, por se terem pronunciado sobre esta matéria tardiamente.
“O objetivo foi mais uma vez fazer pressão junto do poder político e deixámos uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Loulé com a sugestão de que os deputados municipais declarem Loulé um concelho livre de exploração de petróleo e gás natural”, disse à Lusa um dos membros da MALP, João Martins.
Uma declaração que o movimento pretende levar a outros concelhos da região como forma de afirmação uma “posição de força” e de rejeição da exploração de hidrocarbonetos.
“Na nossa opinião, vai destruir a região do ponto de vista ecológico, turístico e da qualidade de vida das populações”, sublinhou João Martins, acrescentando não perceber “como é que do ponto de vista legal é possível compatibilizar uma exploração de gás natural e de petróleo com a proteção da Ria Formosa”.
Uma questão que aquele membro da MALP considera que merecia ser investigada judicialmente.
Após o encontro com os elementos do MALP, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, disse à Lusa identificar-se “absolutamente” com a causa do movimento.
Para Vítor Aleixo, o avanço da exploração pode significar o fim do turismo no Algarve como o conhecemos na atualidade porque não vislumbra que seja possível compatibilizar a afirmação de um destino turístico de excelência com a exploração de petróleo ou gás natural.
Aquele autarca explicou que ainda esta noite o tema vai ser discutido na Assembleia Municipal de Loulé com vista à elaboração de uma moção que condene a atividade e vai pedir a convocação de uma Assembleia extraordinária dedicada a este tema.
Quanto às críticas tecidas aos autarcas algarvios, Vítor Aleixo apontou que a AMAL está a preparar-se para tratar o problema no plano judicial com um pedido de providência cautelar e vai pedir ao Governo que analise o teor dos contratos assinados entre o anterior Governo e os concessionários.
Na qualidade de presidente do Conselho Regional, estrutura de aconselhamento da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, Vitor Aleixo disse ter pedido também a convocação de uma Assembleia Regional que irá ter como tema único da ordem de trabalhos a prospeção e exploração de hidrocarbonetos na região.
A Assembleia Regional deverá ser marcada para a primeira quinzena de maio.