
O Tau, símbolo da espiritualidade franciscana, veio este mês ao Algarve no âmbito da peregrinação que está a realizar pelas dioceses portuguesas onde existem conventos, congregações ou fraternidades seculares da Família Franciscana.
Numa iniciativa da Família Franciscana Portuguesa, aquele símbolo esteve na diocese algarvia de 9 a 13 de maio, tendo passado pelas Fraternidades Seculares de Faro e de Tavira.

Na passada sexta-feira, o frei Paulo Ferreira lembrou na vigília de oração que teve lugar na igreja de São Francisco em Faro que aquela cruz com a forma da letra grega Tau (τ) “não foi uma invenção de São Francisco”. “Francisco não esculpiu nenhum Tau”, afirmou aquele sacerdote da comunidade algarvia da Ordem dos Frades Menores (franciscanos), acrescentando que Francisco de Assis preferia assinar com esta letra os poucos textos que deixou. “A verdade é que esta letra o fazia contemplar o mistério d’Aquele que desde o presépio de Belém até ao momento da cruz se tinha dado inteiramente. Contemplar o Tau é contemplar o despojamento deste Deus em toda a sua majestade que se digna fazer-se homem como nós para nos abraçar e estar connosco. Por isso, a contemplação do Tau é a contemplação do Deus que se faz homem, que se aproxima e está connosco”, justificou.

Explicando que a Família Franciscana acolhe o Tau como símbolo por excelência que a marca e identifica com o carisma que Francisco deixou, o frei Paulo Ferreira aludiu para o significado de se ser portador de um Tau, sublinhando que ele é um “desafio à vivência da fraternidade” da espiritualidade franciscana. “Não basta sermos carregadores de símbolos. Aliás, se fossemos apenas carregadores de símbolos, os símbolos deixariam de ser símbolos porque a palavra símbolo significa que aquele objeto que eu trago só tem verdadeiro significado quando junto a outro. O Tau que trazemos não vale só por si. O Tau vale por esta unidade com o Senhor. O Tau que vós trazeis tem significado quando a vossa vida for verdadeiramente fraterna. Um tau não me identifica com uma instituição, identifica-me com o irmão” explicou.

Depois do Algarve, o “Tau da Misericórdia” seguiu para a Diocese de Beja no âmbito da peregrinação que teve início em Alenquer e que terminará em outubro deste ano em Fátima, marcando presença na peregrinação franciscana nacional.