O presidente do Conselho de Administração, Pedro Nunes, fez esta afirmação à Lusa depois de o deputado do PCP Paulo Sá ter apresentado no Parlamento um requerimento a questionar o Governo sobre “a insuficiência de médicos nos serviços de Oncologia Médica, que trata os tumores da mama mais graves, e de Imagiologia, que realiza as ecografias mamárias do Hospital de Faro".
De acordo com o deputado, “o Hospital de Faro suspendeu, recentemente, a realização de ecografias mamárias e de mamografias de rotina, apenas realizando as urgentes, o que afeta centenas de utentes”.
Por seu lado, Pedro Nunes explicou que até aqui "os médicos eram pagos por exame quando trabalhavam fora dos seus horários" e que "o Conselho de Administração não encontrou base legal para este procedimento", pelo que aguarda por "instruções à tutela", através da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.
"Os exames eram realizados por médicos do Serviço de Imagiologia pagos à peça fora do horário de trabalho. E isso parecia não ter cobertura legal. Os serviços prestados foram do horário de trabalho têm que ser pagos como em toda a função pública em horas extraordinárias e não à peça", justificou.
O presidente do Conselho de Administração sublinhou que houve clínicos que decidiram não realizar esse trabalho fora de horário até a situação ser esclarecida.
"Mas quero sublinhar que os médicos foram corretos, porque se comprometeram desde logo a realizar todos os exames que fossem urgentes. Não está em causa o atendimento aos utentes. Há é algumas situações, como mamografias de rotina, que podem sofrer alguns atrasos para serem feitas no hospital ou terão que ser feitas através do sistema privado convencionado, indo antes ao médico de família", acrescentou.
O deputado do PCP questionou ainda "o facto de a farmácia hospitalar ter passado a dispensar os medicamentos oncológicos mais caros a prestações, ou seja, semanalmente ou bissemanalmente, que tem levado à degradação da qualidade do serviço prestado aos utentes deste estabelecimento hospitalar".
O presidente do Conselho de Administração justificou esta situação com "uma lei que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2012 que impede as administrações de gastarem mais do que o que está orçamentado, sob pena de serem responsabilizadas pessoalmente".
"A lei obriga, desde de 01 de janeiro, à cabimentação de todas as despesas. Quando chegámos ao Hospital de Faro, a 28 de dezembro, vimos que não havia nada cabimentado e não havia medicamentos em stock, porque havia instruções de Governo para manter stocks mínimos. Como tive medo que faltassem medicamentos, pedi que só fossem fornecidos aos doentes semanalmente, em vez de mensalmente, para evitar que faltassem e garantir que todos tinham os medicamentos que precisavam", afirmou.
O administrador disse que o trabalho de cabimentação devia ter sido feito a partir de setembro, mas não foi, e que, quando estiver concluído, esta situação será corrigida, começando pelos doentes dos concelhos mais distantes do hospital, como Alcoutim, Castro Marim ou Vila Real de Santo António.
Lusa