Estes adultos, a sua maioria com idades entre os 20 e os 30 anos, iniciaram uma nova fase do seu catecumenado (preparação para a receção dos sacramentos da iniciação cristã) – a purificação e iluminação, – deixando de ser catecúmenos (designação dos candidatos aos sacramentos da iniciação cristã) para passar a ser eleitos, ou seja, escolhidos.
A Igreja tem um percurso próprio para a iniciação cristã dos adultos que começa com um período de pré-catecumenado, com a manifestação do primeiro desejo de ser Batizado Segue-se o tempo de catecumenado, ligado de maneira particular à catequese, ao conhecimento da pessoa de Jesus, da Igreja e das verdades da fé cristã. Este tempo termina com o Rito de Eleição dos catecúmenos e a partir desse dia, a preocupação com os adultos já não é de ordem doutrinal, mas de ordem espiritual. São então convidados a uma caminhada mais intensa de ordem interior. Seguidamente à receção dos sacramentos da iniciação cristã, os neófitos (novos filhos) iniciam um período de Mistagogia em que são inseridos na vida da Igreja.
Dirigindo-se a cada catecúmeno que com ele se reuniu numa sala anexa ao Seminário de São José, em Faro, D. Manuel Quintas começou por destacar a intenção daqueles como um “sinal de vitalidade” da Igreja algarvia que “acolhe não apenas as crianças para o batismo mas também os adultos” que sentem um “apelo para a Igreja e para a salvação que Deus proporciona em Jesus Cristo”.
O prelado desejou que o seu catecumenado “seja um tempo que dê para a pessoa conhecer bem o que significa ser batizado, cristão e membro de uma Igreja que queremos viva e fiel a Cristo, em cada um dos seus membros”. “Receber os sacramentos sem ter plena consciência do que se recebe, adianta pouco”, afirmou, referindo a importância da exigência na admissão aos sacramentos. “Esta é uma exigência com amor porque só essa é que nos leva à verdade e autenticidade daquilo que celebramos. Não é uma exigência para desanimar e desmotivar mas para dar o sentido verdadeiro e adequado a este dom que é de Deus e não do bispo ou do padre”, acrescentou.
D. Manuel Quintas referiu-se então à alegria da Igreja receber novos membros. “Se é uma alegria muito grande, para a nossa Igreja diocesana, para as vossas paróquias, para os vossos párocos e para mim, acolher-vos, é alegria ainda maior quando sei que o passo que dais é consciente e assumido, uma decisão tomada com toda a liberdade e com desejo de receber estes sacramentos”, afirmou o bispo do Algarve.
Ao longo do encontro com os candidatos à iniciação cristã falou sobre o sentido da Páscoa, incluindo a simbologia do período de preparação que a precede – a Quaresma – e da caminhada de iniciação cristã (catecumenado), recuperada após o Concílio Vaticano II, que explicou ter origem nos primeiros séculos do Cristianismo. D. Manuel Quintas incentivou os catecúmenos a “progredir no bem, não só na Quaresma” e elucidou sobre o significado do jejum, da esmola e da partilha neste tempo litúrgico.
Mais tarde, na sé de Faro, acompanhados pelos seus padrinhos – garantes nesta sua caminhada de fé –, os candidatos, depois de apresentados, aproximaram-se do bispo diocesano. Após terem sido interrogados, padrinhos e candidatos, os segundos inscreveram em livro próprio o seu nome, gesto que confirma a sua vontade em receber os sacramentos da iniciação cristã.
Os eleitos irão agora, durante os próximos domingos da Quaresma, celebrar nas suas paróquias os escrutínios e a tradição das entregas do Credo e do Pai-Nosso e na Vigília Pascal, a mais importante celebração para os cristãos, completarão a sua iniciação sacramental.
A Quaresma é um período de 40 dias – excetuando os domingos -, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.