Na sessão de abertura das comemorações, que se seguiu à eucaristia de ação de graças pelo quarto de século vivido e ao descerramento da lápide comemorativa, o presidente da direção do Centro Paroquial deixou claro que a instituição não se desviará da sua identidade que vai “do cuidar humano ao testemunho da fé”, ideia que serviu de tema à conferência do dia proferida pelo padre José Manuel de Almeida. “Ao Estado pode interessar a existência e o rigor da observância das normas que regem obras como esta, a nós interessa-nos também purificar e iluminar o nosso serviço e a gestão desta obra com carinho e amor, de modo que o outro não sofra ou sofra menos”, afirmou o diácono Albino Martins.

Aproveitando a presença de uma representante da Segurança Social, aquele responsável deixou alguns recados. “Não nos permitiremos que a organização mate o espírito, que a estrutura reduza as pessoas a números, que o funcionalismo desumanize os serviços, que a falta de competência profissional, humana e cristã de funcionários desqualifique este Centro Paroquial na qualidade dos serviços que presta e na missão evangelizadora que possui”, garantiu, lembrando que a instituição “contribui para a promoção integral dos centros da comunidade, cooperando com os serviços públicos competentes, num espírito de solidariedade humana, cristã e social”.

Albino Martins reiterou a aposta na “formação e avaliação contínua” e lembrou que “a dignidade das pessoas não se mede por dinheiro, nem pela posição social, nem pela cultura”. “Para sermos dignos de nós mesmos, dos outros e do próprio Deus basta-nos ter um coração puro, são, bem-intencionado e generoso para com todos”, afirmou.

Na introdução à reflexão do padre José Manuel de Almeida pediram-se “experiências que promovam a esperança e deem consistência, altura e profundidade à dignidade humana, à prática da justiça, aos caminhos da fraternidade e solidariedade”. Ficou igualmente um apelo a uma “solidariedade responsável e impulsionadora de novos caminhos, de construção de uma sociedade onde o amor seja o rosto e o fundamento, alicerçado nos valores perenes do evangelho” e exortou-se à “renovação de horizontes, de novas metodologias e cooperação, de novos percursos e corajosos executivos, de estilos de vida alternativos”. Aludiu-se ainda às instituições sociais como “expressões proféticas de um novo olhar e sabedoria, de uma nova atitude e empenho generoso que minore as dificuldades que se acentuam em tempo de crise”.

Conceição Morais, representante da Segurança Social, concordou que “as pessoas não são números” e que “a dimensão humana é muito importante”. “Nesta casa essa dimensão é muito valorizada”, reconheceu.

O cónego José Pedro Martins, vigário episcopal para a Pastoral da Diocese do Algarve, referiu-se ao Centro Paroquial como um “oásis” no “Algarve da serra” e evocou a sua fundação pelo padre Manuel Rodrigues, lembrando que antigo prior “foi um grande lutador”. O sacerdote evidenciou ainda o sentido da ação da social da Igreja. “Aquilo que fazemos na evangelização há de ser sempre, particularmente neste setor, o reflexo do amor de Deus para com todos os homens”, disse.

O padre Alberto Teixeira, atual pároco de Martim Longo, lembrou que “a Igreja que não está fechada na sacristia mas atenta às necessidades do mundo de hoje”. “Estamos a cumprir o mandato do Senhor”, afirmou.

Francisco Amaral lembrou que, durante estes 25 anos, houve “momentos muito complicados” e outros “bons e gratificantes”. “Foram lutas incansáveis, a formação do Centro de Dia, a sua ampliação, todos os passos para a construção do lar de Martim Longo”, recordou o presidente da Câmara de Alcoutim, apontando ao novo objetivo do Centro Paroquial que “tem sido um exemplo de amor ao semelhante”. “Também vamos construir o Lar contra ventos e tempestades”, prometeu.

O autarca destacou a importância do apoio social nos tempos que correm. “Nos dias de hoje, em que as dificuldades se avolumam e o país parece que se está a afundar, em que o péssimo se apodera das pessoas e o desespero espreita é importante encontramos respostas para as solicitações, nomeadamente para aqueles que mais precisam, como as crianças e os idosos”, disse.

Já o presidente da Junta de Freguesia local apelou ao alargamento da assistência da instituição ao período noturno, aos fins de semana e feriados.

À tarde foi inaugurada a parede com os retratos dos antigos párocos e presidentes da instituição e a jornada encerrou, à noite, com um concerto pelo grupo coral “Segundo Capítulo”, de Faro, na igreja matriz, seguido de um convívio com a população no salão do Centro Paroquial.

O Centro Paroquial de Martim Longo, em plena serra, no nordeste algarvio, tem a funcionar as valências de centro de dia e apoio domiciliário, servindo um total de 80 utentes (30 na primeira valência e 50 na segunda).

Samuel Mendonça