
O padre Henrique Marreiros Varela celebra 50 anos de ordenação sacerdotal no próximo dia 31 deste mês.
Natural de Monchique, onde nasceu em 1941, o sacerdote entrou com 11 anos para o Seminário de São José, em Faro. Esteve naquela instituição três anos, tendo passado no quarto ano para o Seminário de Almada porque restavam apenas dois seminaristas no Algarve. Em Almada esteve quatro anos e depois passou para o Seminário dos Olivais, em Lisboa, onde esteve mais seis anos até concluir a sua formação teológica.
Foi ordenado a 31 de julho de 1966 pelo bispo do Algarve de então, D. Júlio Rebimbas, juntamente com o padre João José Sustelo dos Santos (já falecido), natural de Estômbar, e outro sacerdote de Lagares (Penafiel).
Após a ordenação foi nomeado coadjutor da paróquia de Alcantarilha e pároco das paróquias de Armação de Pêra e Porches, tendo tomado posse no dia 17 de outubro de 1966. Esteve como coadjutor da primeira paróquia apenas dois meses, assumindo depois o serviço de pároco por morte do seu antecessor que substituiu também nas restantes duas comunidades.
Em 1969 foi nomeado responsável pelo Secretariado da Catequese da Diocese do Algarve e, por via dessa nomeação, acabaria por ser convidado para vir para a equipa formadora do Seminário de Faro, oito anos depois de estar nas suas primeiras três paróquias.
No Seminário diocesano esteve de 1974 a 1988 como perfeito, assumindo também o serviço de diretor espiritual, para além da responsabilidade no Secretariado da Catequese. “O meu trabalho na catequese foi algo que sempre me entusiasmou muito”, refere o sacerdote ao Folha do Domingo, lembrando que houve um período de três anos em que fui coordenador da zona sul do país.
A 25 de dezembro de 1987 foi nomeado pelo bispo do Algarve de então, D. Ernesto Costa, “por motivo de falta de saúde” do então pároco, padre João Cabanita, considerando que a paróquia de São Clemente se encontrava numa “fase de grande crescimento demográfico que se estende numa extensa área urbana e rural”. O sacerdote tomou posse no dia 3 de janeiro de 1988 e continuou ainda durante dois anos ligado ao Secretariado da Catequese.
Em 1989, D. Manuel Madureira Dias nomeou-o pároco moderador das paróquias de São Clemente e São Sebastião de Loulé e Boliqueime, juntamente com os padres António Nobre Duarte e António Manuel Martins. O serviço na última paróquia estendeu-se até 1992 e nas comunidades de Loulé permanece até hoje. O padre Henrique Varela continua a ser, juntamente com o pároco moderador, o padre Carlos de Aquino, prior das comunidades louletanas.
O aniversariante foi também, durante muitos anos, o responsável pelo Secretariado da Pastoral da Família da diocese algarvia e também o assistente dos Centros de Preparação do Matrimónio (CPM). “Entusiasmei-me desde a primeira hora com o trabalho com a família e foi uma das minhas prioridades, embora tivesse tido imensas dificuldades”, conta o sacerdote, reconhecendo aquela que foi uma das suas grandes paixões pastorais.
O sacerdote foi igualmente várias vezes eleito vigário da vigararia de Loulé e fez parte do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores.
Ordenado em 1966 fez parte das primeiras «fornadas» de padres saídas após o Concílio Vaticano II e o padre António Manuel Martins já considerou que o exercício do seu ministério sacerdotal é um “testemunho vivo” da aplicação conciliar na Igreja do Algarve e um dos “principais protagonistas” da sua implementação. “Estávamos muito atentos ao que se ia passando em Roma. Nessa altura tive oportunidade de ir vivendo as novas propostas do Concílio com as reações que elas iam também tendo na Igreja em Portugal, nomeadamente em Lisboa”, explica o padre Henrique Varela.
Em jeito de balanço, o sacerdote aponta aquela assembleia magna como um dos marcos ao longo destes anos na sua vida como padre. “Acho que tive a sorte de poder participar em várias experiências ao longo deste tempo que me ajudaram a ver mais claro em relação à missão da Igreja e à missão do padre, nomeadamente o Concílio. Mas, ao lado do Concílio, tinha como norma querer conhecer os grandes movimentos da Igreja e participei em quase todos”, refere, apontando como exemplo os Cursos de Cristandade ou o Renovamento Carismático.
O padre Henrique Varela destaca ainda a participação, a pedido de D. Manuel Madureira Dias, com alguns colegas num “encontro em Espanha de promoção da nova imagem de paróquia que o Movimento Por um Mundo Melhor estava a orientar. “Foi a partir daí que depois iniciei aqui algumas atividades nesse sentido e que se têm prolongado até hoje”, sustentou, referindo-se à pastoral de renovação que procurou implementar nas paróquias com vista a construir uma Igreja o mais alargada possível.
Outro dos acontecimentos que o marcou foi a morte do seu colega de formação e de ordenação, o padre João José Sustelo dos Santos, tragicamente falecido num acidente de viação na EN125 na reta das Ferreiras, vindo de uma reunião dos cursos de Cristandade em Armação de Pêra. “Para mim foi um choque muito grande”, conta.
Celebrar bodas de ouro sacerdotais no Ano Santo da Misericórdia tem também particular sentido para o presbítero. “Olhando para a minha vida tenho de dar graças a Deus pela misericórdia que usou para comigo porque ao longo de todo este tempo senti fortemente esta presença de Deus que perdoa e anima. Portanto, acho que é uma graça poder celebrar estes 50 anos, concretamente neste ano”, considera.
No próximo dia 31 deste mês, a efeméride vai ser celebrada “por todo o bem doado a todas as comunidades, particularmente às paróquias de Loulé, por onde o senhor padre serviu com total generosidade, abnegação, sabedoria e amor”. Neste sentido, será celebrada pelas 18h em Loulé uma eucaristia no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente conhecida como Mãe Soberana.
Para além desta celebração, o sacerdote pretende, como acontece anualmente, celebrar uma vez mais em Monchique o aniversário da sua “missa nova” no próximo dia 7 de agosto.