Antevendo uma maior afluência de espanhóis ao Algarve no período de Páscoa, a Estradas de Portugal e a Via Verde colocaram funcionários na Ponte do Guadiana para ajudar na compra de títulos que permitem viajar na Via do Infante (A22 – Vila Real de Santo António/Lagos). Contudo, formaram-se mesmo assim filas de grande dimensão na fronteira entre o Algarve e Andaluzia, com os visitantes espanhóis a queixarem-se da complexidade do sistema de pagamento.
Em comunicado, o deputado diz ter endereçado hoje ao Governo uma questão em que defende uma revisão urgente do sistema de cobrança, pois pior do que ter portagens é “persistir num modelo inadequado e que lança confusão”, refere.
“As soluções de pacotes oferecidas aos automobilistas na aquisição dos títulos são muito rígidas e contribuem para desincentivar utilizações pontuais”, afirma, acrescentando que “episódios desta natureza não se podem repetir”.
O movimento Com Faro no Coração (CFC) também se pronunciou sobre a situação, defendendo o fim das portagens e sugerindo que o Governo deve pedir desculpa aos espanhóis que tiveram que enfrentar longas filas para pagar.
“O Governo foi de mão estendida dar brindes e pedir para virem e a seguir os espanhóis são escorraçados com a tortura em longas filas, com uma deplorável imagem para o Algarve”, refere o movimento, liderado pelo ex-autarca José Vitorino, em comunicado.
Também a Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA) e a principal associação hoteleira da região pediram hoje ao Governo para rever a cobrança das portagens depois das filas para pagar verificadas na fronteira com a Espanha.
O presidente da ERTA, António Pina, admitiu que se sentiu “envergonhado” ao ver as imagens dos estrangeiros na fila junto à máquina para o pagamento de portagens na Via do Infante. "Senti-me envergonhado. Esta é a frase mais simples e mais serena que posso dizer sobre o que senti ao ver aquelas imagens", afirmou António Pina, que não entende como "um país que necessita de receitas, e o turismo poderia ser uma fonte de entrada de divisas, trata tão mal" o setor.
Depois da confusão instalada junto à fronteira, alguns dos turistas que procuravam Portugal para passar as férias da Páscoa mostraram insatisfação pela falta de máquinas de venda de títulos, pelo sistema eletrónico de cobrança instalado na autoestrada e prometeram não voltar mais, pelo que António Pina afirma que "O Governo devia ter a força de repensar, dizer isto não está a correr bem e rever a medida. Já viu a imagem que aquela situação dá do país na Europa e fora dela? Nós andamos a promover o Algarve no estrangeiro e depois estas questões são um tiro no pé".
No mesmo sentido, Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, também criticou as filas verificadas na fronteira durante as férias da Páscoa, considerando que se tratou de "uma situação caricata, desprestigiante e ofensiva para o destino turístico e para o país".
O presidente da principal associação de hoteleiros da região afirmou que, passados quatro meses da introdução de portagens na A22, "já deu para perceber que o impacto negativo e a descida no número de turistas espanhóis é de tal ordem que justificava que o Governo arrepiasse caminho e revisse a medida, decretando a isenção do pagamento para os carros de matrícula estrangeira".
Liliana Lourencinho com Lusa