Depois de, nos dois anos anteriores, o Acampáscoa ter tido lugar em Alfanzina e no Falacho (Silves), a ideia para este ano foi “realizar uma atividade muito abrangente, dentro da educação integral do escutismo, onde se pusesse em prática técnicas de pioneirismo e arte escutista, bem como a instrução e prática náutica em três vertentes: navegação a remo (canoagem), a motor (barco semirrígido) e em embarcações construídas integralmente pelos escuteiros (jangadas)”, explica a organização.

Centralizada a “base de campo e fluvial” no sítio das Fontes de Estômbar – Rio Arade, Moços e Marinheiros (escuteiros marítimos dos 11 aos 17 anos de idade), orientados por quatro dirigentes adultos, com a colaboração de um Companheiro, num total de 25 elementos, viveram um acampamento que certamente não esquecerão.

Programada pela Flotilha (unidade formada pelas tripulações de Moços) e pela Frota (unidade formada pelas equipagens de Marinheiros), a preparação da atividade começou há alguns meses atrás com a construção de jangadas, feitas com técnica escutista: paus, tábuas e canas, unidos unicamente com sisal (nós e amarrações), a que se juntou flutuadores a partir de jerricans de plástico reaproveitados. Devidamente testadas no Acampáscoa, “as jangadas foram um êxito na água: seguras, práticas, eficientes, navegáveis, e bastante económicas, valorizaram o trabalho empreendido pelos jovens escuteiros, porque o escutismo é educação pela ação, aprender fazendo, construir para utilizar”, explica a organização.

Mas, para que o acampamento fosse ainda mais emocionante, os Marítimos de Carvoeiro quiseram ir mais além e, pondo mãos à obra, montaram tendas em cima das jangadas, edificando um pequeno acampamento flutuante em meio náutico.

Procurando uma mística também assente no “espírito” de um espaço privilegiado como o das Fontes de Estômbar, onde a natureza coabitou em harmonia com o fator humano durante séculos, o acampamento foi antecedido por outras ações, preliminares, como o estudo do Rio Arade e suas potencialidades ou os aspetos patrimoniais, culturais, sócio-econónicos, ecológicos e naturais, incluindo uma exploração às grutas de Estômbar.

Após um inverno seco, a chuva visitou por várias vezes o acampamento, mas não perturbou os trabalhos. Na noite de Sexta-feira Santa houve um período de reflexão e debate sobre a Semana Santa e Páscoa e seu significado para os escuteiros católicos. Nessa noite, um “convívio de paladares”, com o que cada um trouxe de casa para partilhar, constituiu a ceia.

“O Acampáscoa foi uma mais-valia para o progresso individual e coletivo dos escuteiros em vários aspetos, tanto na construção e utilização das jangadas, na solidificação do espírito de patrulha, na amizade e no ambiente de entre-ajuda entre jovens de dois escalões etários diferentes, na confeção dos alimentos em cozinha selvagem, mas também na consciência da proteção do meio-ambiente, bem como em toda a aquisição de conhecimentos que enriqueceu os elementos, no desenvolvimento das suas capacidades no meio náutico, nomeadamente testando esta simbiose da utilização de três diferentes tipos de embarcações”, explica a organização.

Educativa foi igualmente a possibilidade de todos poderem ver a azenha das Fontes de Estômbar a funcionar como antigamente e, movida unicamente pela força da água, moer o milho e fazer a farinha.