
A Igreja do Algarve rezou ontem pelo padre Manuel Leitão Marques, sacerdote da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (claretianos), que era pároco de Alvor e do vicariato do Coração de Jesus, na zona da Pedra Mourinha, em Portimão, falecido na passada segunda-feira no hospital daquela cidade.

Na celebração exequial do funeral do sacerdote, à qual presidiu no salão da igreja (em construção) da Pedra Mourinha, em Portimão, onde habitualmente é celebrada a eucaristia dominical, o bispo do Algarve destacou o testemunho que o falecido deixou como “religioso, missionário e sacerdote”. “Eis-nos reunidos em eucaristia exequial para rezarmos por aquele que tantas vezes aqui, neste mesmo lugar, rezou por nós e connosco, indicando-nos com a sua palavra, e sobretudo com o seu exemplo, o caminho que conduz a este encontro definitivo com o Pai”, evidenciou D. Manuel Quintas.

“Dele guardamos o testemunho de um autêntico missionário, cuja caraterística dominante do seu ministério sacerdotal por todos reconhecida, particularmente os colegas sacerdotes, era a disponibilidade em todas as situações, mesmo quando já as forças lhe faltavam”, prosseguiu o prelado, lembrando o quanto o falecido era “fraterno e amigo” e o seu “confiante otimismo em todas as situações”, particularmente patente na construção daquela igreja do Sagrado Coração de Jesus da Pedra Mourinha.
D. Manuel Quintas sublinhou que a história do padre Leitão Marques se fundiu com a daquele vicariato paroquial. “A sua história destes últimos anos de vida, a sua entrega e generosidade, a sua confiança e esperança contagiantes estão tecidos, talvez melhor, amassados com a história desta igreja e desta comunidade”, afirmou, desejando que o legado do padre possa dar fruto. “Estou certo de que esta «semente» que ele foi, para além das muitas que «semeou», qual grão de trigo, há-de frutificar no nosso coração. Compete-nos, por isso, sermos «terra» boa para que esta «semente» possa multiplicar-se como as sementes do evangelho. Esta é seguramente a mais adequada homenagem que lhe podemos prestar e a melhor memória da sua vida que podemos guardar”, acrescentou.

O bispo do Algarve pediu, por isso, aos paroquianos que não se sintam “órfãos”, lembrando-lhes que o pároco “continuará presente”, embora “de maneira diferente”. “Gostaria que continuásseis a deixar-vos contagiar pelo testemunho do seu otimismo, da sua esperança, da sua força interior, mesmo no meio das dificuldades que estais a passar para avançar mais um bocadinho na construção desta vossa igreja. Estou certo de que ele agora nos assistirá de maneira diferente e talvez ainda com maior eficácia”, afirmou, considerando o falecido um “dom” para a Igreja algarvia. “Queremos igualmente manifestar a nossa gratidão na pessoa do superior provincial aos missionários claretianos pelo dom do padre Marques a esta nossa Igreja diocesana, ao serviço da qual gastou a maioria dos anos do seu sacerdócio: 38 dos 55 que viveu como padre”, afirmou.

D. Manuel Quintas acrescentou ainda que o testemunho de fé do sacerdote se estendeu à sua última fase de vida. “A progressiva fragilidade da saúde revelada nestes últimos tempos, e mais particularmente neste último mês de internamento hospitalar, apesar de todos os esforços e cuidados médicos aos mais diversos níveis, constituiu para o padre Marques um sinal, acolhido à luz da fé, indicativo de que a sua páscoa estava próxima”, afirmou.
D. Manuel Quintas desejou ainda que o testemunho de vida do padre Leitão Marques e o seu serviço à Igreja diocesana “obtenha do Senhor da messe o dom de novas vocações ao sacerdócio, à vida consagrada e à vida missionária”.

Este pedido também foi repetido pelo superior provincial dos missionários claretianos que também esteve presente juntamente com vários outros missionários daquele instituto. O padre Carlos Candeias do Nascimento lembrou o padre Leitão Marques como “alguém humilde, próximo, serviçal e sempre disponível”, “com uma confiança que só pode resultar da fé, sempre disposto a abraçar o presente, olhando para o futuro”. “Que a vida do padre e missionário Manuel Marques nos inspire. Deu tudo o que tinha até ao fim”, concluiu.
Depois da eucaristia, concelebrada por muitos sacerdotes do Algarve, a urna foi levada para o carro funerário ao som de um enorme aplauso, seguindo para o Cemitério de Benfica em Lisboa, onde o corpo do sacerdote foi sepultado.