A iniciativa, que teve início com a oração do Pai-Nosso em memória do pianista Bernardo Sassetti, falecido naquele dia, proporcionou o debate com o autor que, não obstante ser natural de Coimbra, se considera louletano de adoção por ter vindo para Loulé com pouco mais de um ano, onde chegou a completar o ensino secundário.

Após o visionamento do telefilme “Noite de Paz”, produzido para a RTP no Natal de 2011 com argumento seu, Artur Ribeiro, que se assumiu como “humanista, mais do que ateu”, explicou que pretendeu “criar uma história que tem um lado de parábola”. De facto, a história do filme parece decalcada da parábola bíblica do filho pródigo, adaptada agora a um marido que, após viver uma aventura extraconjugal, regressa arrependido em noite de consoada e é aceite pela mulher que o perdoa.

No entanto, o argumento do telefilme decorre em torno da vida da traumatizada filha mais velha do casal que, talvez pela malograda experiência familiar, não se identifica nada com o espírito natalício e muito menos com o Cristianismo, mas que, ao descobrir um novo amor, acaba por se deixar influenciar pelo seu modo humanista de agir, chegando a ser promotora da reconciliação final dos progenitores.

“Quis passar valores que estão associados ao Natal cristão – valores que, não sendo exclusivamente cristãos, são humanistas – mas que podem ser transmitidos por alguém que não tem fé. Alguém que, pode não encontrar a fé, mas que não deixa de melhorar como pessoa”, justificou Artur Ribeiro, que disse gostar de fazer argumentos para televisão. “Há colegas meus que não querem fazer televisão porque não tem qualidade, no entanto eu acho que devemos procurar melhorar a televisão, caso contrário está nunca será melhor”, sustentou.

Para além deste telefilme, interpretado nos papéis principais por Sandra Celas, João Reis, Cucha Carvalheiro e Rui Morrison e muito apreciado por todos os presentes, Artur Ribeiro, que colabora regularmente como argumentista para a televisão portuguesa, fez também “Casos da Vida” para a TVI e a série “O Dom” acerca do sobrenatural. O autor foi premiado em vários festivais pelos argumentos e realização de curtas-metragens e, nos últimos anos, divide o seu trabalho entre Portugal e os Estados Unidos da América.

Na sessão, o padre Miguel Neto, diretor do Secretariado das Comunicação Social e Cultura da Diocese do Algarve, relacionou o argumento da obra visionada com o tema do Fórum Cultural. “Mais do que nos distinguir em cristãos e não-cristãos, a identidade cristã une-nos, criando uma dinâmica de comunhão entre todos os que olham o homem para além do aspeto físico”, afirmou.

Samuel Mendonça