O sacerdote apontou igualmente o caminho a seguir a partir deste ponto de partida. “Desejamos iniciar um caminho desafiante e apelativo, de abertura ao mundo, de aproximação do mundo cultural e inteletual algarvio à Igreja algarvia, um caminho de fidelidade à verdade que nos leve a comunicar mais e melhor quem somos e como somos”, complementou, considerando que “a identidade é um processo permanente de criação”, “marcado pela verdade”, que “unifica eternamente, mas que fratura”. “Determina uma tensão natural, que nos aproxima e nos divide, mas que deve ser o resultado autêntico do nosso próprio processo de reflexão, fiel àquilo que somos”, acrescentou.
Também o padre Carlos de Aquino espera que o Fórum Cultural seja o “início de um frutuoso diálogo” e um “verdadeiro areópago de encontro, uma oportunidade de aprendizagem e de partilha de experiências e de saberes timbrados pela beleza e pelo património sempre vivo da fé cristã”.
O diretor do Sector da Pastoral da Cultura da Diocese do Algarve disse, na abertura daquela iniciativa, esperar que a mesma possa “fazer memória, abrangendo diversos segmentos de manifestações artísticas e áreas do saber”.
O sacerdote lembrou que “a cultura tem um espaço privilegiado na vocação integral do homem” e que “reflete hoje uma tensão que toma formas de conflito entre o presente e a tradição”. “Este conflito exprime-se na crise da verdade, pois só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo”, complementou.
Aquele responsável considerou haver “toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e de dignidade”.
Considerando que “o rosto do mundo em que vivemos e em que o Cristianismo se faz história, alterou-se profundamente”, o sacerdote afirmou que, “para continuar a responder aos desafios da cultura, não pode a Igreja, permanecendo fiel ao Evangelho, deixar de equacionar o novo contexto em que se inscreve a sua intervenção, que implica o repensamento da fé e da missão”.
Também Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, destacou a Igreja como “grande portadora de cultura” e “proativa” na procura da mesma, evidenciando o seu “papel importantíssimo para aprofundamento da nossa identidade”.
João Guerreiro, reitor da Universidade do Algarve, destacando a “fundamental” “diversidade cultural” do Algarve, apontou a necessidade de a Igreja convergir para o “desígnio” de garantir e afirmar a personalidade do Algarve e apelou ao reforço da coesão regional.
D. Manuel Quintas, citando o Papa João Paulo II, lembrou que “a fé que não se torna cultura é uma fé ainda não acolhida de modo pleno, não inteiramente pensada nem vivida com fidelidade”. “Só quando a fé cria cultura é que é verdadeiramente assumida, celebrada e vivida. O mesmo acontece com um povo que desconhece ou perde a sua identidade cultural. Transforma-se num povo frágil, sem valores e sem objetivos mobilizadores”, afirmou o bispo do Algarve.
A propósito do tema do fórum, o prelado sublinhou que “a procura da verdade traduz um anseio profundo do ser humano e pressupõe sempre um exercício de liberdade autêntica”, também esta, “expressão da cultura”.
A diretora regional de Cultura do Algarve destacou a “complementaridade e pluralidade de reflexões e opiniões” do fórum. “Nos momentos em que é preciso ousar e transformar, só através do conhecimento e da reflexão é que conseguimos chegar lá”, afirmou Dália Paulo, considerando que “no Algarve temos massa critica para fazer diferente”. “A cultura vai ter de transformar o nosso olhar para lá do visível”, advertiu.