Estas soluções foram abordadas num debate promovido pela Docapesca e pelo Grupo de Ação Costeira (GAC) do Sotavento, na cidade algarvia, no âmbito da ação “Conversas em rede”, organizada pela empresa que gere as lotas portuguesas nas sete zonas do país que têm GAC.
Participaram no debate, que teve como tema “A valorização do pescado e a fuga à Lota”, José Apolinário, presidente do Conselho de Administração da Docapesca, o capitão do porto de Olhão, responsáveis da Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana, ambientalistas, técnicos e outros responsáveis do setor das pescas local.
No final, António dos Santos da Branca, da Olhãopesca, organização de produtores de pescado de Olhão, disse que o que foi debatido, durante cerca de 3 horas, tinha já sido abordado “a nível superior, com intermediários da União Europeia, das pescas, em Lisboa”, sem que tivesse havido resultados concretos.
“É preciso sensibilizar todos os envolvidos na pesca para que se compreenda que sem pescadores não há comercialização, mas também não a há sem vendedores. Faz sentido haver um preço médio do pescado, para que não tenhamos uma situação em que uns têm tudo e outros não têm nada”, afirmou.
O dirigente da Olhãopesca considerou que “é isso que, de alguma forma, se tem feito através de contratos” assinados entre as associações de pescadores e a Docapesca para a venda de pescado, embora com valores mínimos.
“Estes contratos são com preço mínimo, mas dão alguma sustentabilidade, que era aquilo que não tínhamos”, defendeu, acrescentando que, “é preciso ver que os pescadores têm uma série de taxas e despesas, como o combustível”, e que, na sua maioria, são profissionais da pesca artesanal e da pequena pesca.
José Apolinário, presidente do Conselho de Administração da Docapesca, considerou que “a elevada participação, frontalidade e vivacidade do debate, que juntou dezenas de representantes do setor, cumpriu com um dos objetivos da iniciativa, que é gerar esta discussão com as comunidades” de cada porto.
“Queremos apostar na valorização, identificando o pescado que é pescado nas nossas costas e vendido em lota com o CCL, nomeadamente de espécies que são menos valorizadas, como a cavala, mas também queremos justificar, com uma melhoria de serviço, que os pescadores, nomeadamente os da pesca tradicional e artesanal, venham mais à lota”, explicou.
Apolinário disse que a empresa está a avaliar um conjunto de soluções, como a existência de leilões crescentes ou decrescentes ou a abertura do leque dos compradores a restaurantes, para ver quais são as que melhor cumprem estes objetivos.
Destacou ainda a aposta na “transparência e na informação”, ao divulgar semanalmente os preços praticados em lota, e defendeu o recurso a contratos com associações de pescadores para regulação da oferta e da procura desde que “sirvam para valorizar o preço, não para o descer”.
Liliana Lourencinho com Lusa