O presidente do Banco Alimentar do Algarve fez na sexta-feira um balanço “muito positivo” da horta social criada com os serviços prisionais e que gerou oito toneladas de hortícolas cultivados por reclusos, pessoas com deficiência ou a recuperar de dependências.
Nuno Alves preside ao Banco Alimentar contra a Fome do Algarve e participou num seminário sobre Agricultura Social promovido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, para dar conta da experiência iniciada em 2015 e que permitiu, logo no primeiro ano, produzir as oito toneladas de “alimentos saudáveis” para a população carenciada algarvia.
“Este projeto nasce de uma parceria entre a Direção Regional dos Serviços Prisionais e de Reinserção Social e a Federação Portuguesa de Bancos Alimentares. A vertente diferente que o projeto tem no Algarve é que não se passa dentro de uma cadeia, passa-se fora e, neste caso concreto, dentro da direção regional de Agricultura, onde cerca de um hectare está alocado ao projeto que o banco alimentar coordena em parceria com a direção regional”, afirmou Nuno Alves em declarações à agência Lusa.
A mesma fonte frisou que o projeto já “evoluiu de tal forma” no Algarve que “são várias as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do distrito, nomeadamente dos concelhos de Loulé, Faro e Olhão”, que todas as semanas colocam a trabalhar no projeto “utentes/beneficiários sinalizadas no âmbito da deficiência ou da incapacidade ou que estão em recuperação de dependências” de álcool e drogas.
“O importante do projeto é a produção hortícola que dali resulta, porque no primeiro ano foram oito toneladas de hortícolas diversos que foram produzidas e distribuídas pelo Banco Alimentar pela população carenciada do distrito, mas também é importante podermos receber pessoas que estão em instituições e que, neste caso, vêm passar um dia diferente, todas as semanas, contribuindo de forma ativa para o projeto e sobretudo para a sua inclusão social”, enalteceu.
A mesma fonte disse que o projeto conta com reclusos dos Estabelecimentos Prisionais de Olhão e de Faro e sublinhou que, “todos os que atingiram a liberdade condicional, arranjaram trabalho”.
“A questão de poderem estar integrados na sociedade, de poderem interagir com outras pessoas e não serem descriminados também permite que vão ganhando confiança e vão ganhando competências para, quando chegarem ao dia da liberdade condicional, poderem ser integrados. E isso está a acontecer, o que é muito positivo”, congratulou-se.
Questionado sobre o número de pessoas que o projeto já conseguiu apoiar, Nuno Alves respondeu que, no que respeita à população prisional, deslocam-se ao terreno equipas por quatro reclusos e um guarda e, “ao longo de todo o projeto, já passaram por lá uma dúzia de pessoas”.
A mesma fonte referiu ainda que há duas IPSS ligadas à recuperação da dependência de drogas e álcool que, “por semana, levam oito utentes”, e outras três relacionadas com o apoio a pessoas portadoras de deficiência ou incapacidade, que disponibilizam seis pessoas por semana.
Há também, acrescentou, uma associação que promove cursos de jardinagem e agricultura e já colocou oito estudantes a fazer estágio na horta solidária.