Só este semestre a UALg deverá receber cerca de 300 estudantes internacionais, mas o número de alunos da instituição que vão estudar para o estrangeiro está a diminuir e este ano já houve pelo menos quinze desistências, revelou Teresa Borges.
De acordo com a coordenadora de Relações Internacionais e Mobilidade da Universidade do Algarve, dos cerca de 200 alunos que deveriam ir estudar para outras universidades, quinze já desistiram, sobretudo por motivos financeiros.
"Em relação a anos anteriores as desistências têm sido maiores. As bolsas são relativamente baixas e tem que haver um complemento autofinanciado, o que está a limitar bastante as pessoas", lamentou.
O valor mensal das bolsas atribuídas ao abrigo de protocolos e programas de mobilidade entre universidades ronda os 200 euros e muitas famílias não têm capacidade para financiar as restantes despesas.
"Custa imenso ver a capacidade de internacionalização dos alunos portugueses a diminuir devido à situação económica", disse Teresa Borges, para quem a internacionalização é importante por "capacitar os alunos para o mundo real".
Dos cerca de 300 alunos internacionais que a UALg vai acolher no primeiro semestre, metade são europeus, sendo os restantes maioritariamente do Brasil e Espanha, embora também haja alunos de países como a Índia, Rússia, Bósnia, Canadá ou Qatar.
Ao todo, são mais de 50 nacionalidades, embora em anos anteriores a universidade já tenha registado mais de 60 nacionalidades.
Os cursos mais procurados são os ligados à áreas da Ciência e Tecnologia, que integram disciplinas cuja bibliografia de referência e aulas são em inglês.
O facto de haver aulas em inglês é mesmo um dos fatores de atração da UALg para os estudantes internacionais, como Monika e Lucie, da República Checa, que se preparam para frequentar o primeiro semestre do curso de mestrado em Economia no Algarve.
"Escolhi o Algarve porque havia aulas em inglês, em Espanha, por exemplo, não há", refere Monika, de 26 anos, que conta com algumas poupanças e com a ajuda dos pais para fazer face às despesas.
Tal como a sua compatriota e colega de curso, Lucie, de 24 anos, o clima, a proximidade do mar e a amabilidade das pessoas foram outros dos fatores que pesaram na sua escolha.
Quando terminarem o semestre deverão regressar à cidade de Zlin para concluir o mestrado e procurar emprego, embora a emigração não esteja fora de hipótese, já que "não há um local fácil para encontrar emprego".
No ano passado, a UALg teve 450 alunos internacionais, número que se deverá manter ou mesmo aumentar este ano letivo, já que só no primeiro semestre haverá cerca de 300.
O Brasil também é um dos destinos preferidos dos estudantes que vão para fora, embora este ano esteja previsto irem apenas dez, contra 15 no ano passado e 26 há dois anos.
A população estudantil da Universidade do Algarve ronda as 10.000 pessoas, 10 por cento das quais são estrangeiras e, dessas, metade são alunos abrangidos por programas de mobilidade como o "Erasmus".
Lusa