O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) falava no jantar/palestra promovido pelo núcleo do Algarve daquela organização, que teve lugar na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, e que encetou o ciclo de conferências deste ano, subordinado ao tema “O Amor como critério de gestão”, precisamente o tema que António Pinto Leite abordou.

Pinto Leite lançou recentemente um livro onde apresenta a sua reflexão sobre esta temática que, em 2011, resultou na apresentação do programa “AconteSer – Liderar com responsabilidade”.

No jantar, o presidente da ACEGE explicou que a publicação teve como objetivo “estudar o encontro improvável entre o amor e a economia”. “O mundo ficará diferente no dia em que o amor e a economia se cruzem, porque não tenho nenhuma dúvida de que nasceram um para o outro”, sublinhou, garantindo não se ter preocupado se o livro é “contra a corrente”.

Aquele responsável explicou que “trazer o amor para dentro da gestão, significa que aquele que o traz não tem que andar a dizer que ama as pessoas”. “Tem de o trazer dentro de si e atuar como tal”, complementou, defendendo que o amor como critério de gestão “é profundamente operacional, independentemente de que as pessoas tenham fé ou não”. “Significa tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados, como se estivéssemos no lugar deles, com a informação de que dispomos. Este critério, quando é levado a sério, é profundamente transformador da organização onde estou e da minha própria capacidade de ser feliz”, acrescentou.

Tendo abordado a tensão entre autoridade e amor e evidenciado que “o amor não é contraditório com a exigência” mas “pelo contrário, é o grau máximo da exigência”, Pinto Leite desafiou os 25 empresários presentes a sentirem as pessoas que estão por detrás das decisões económicas. “Olhar estas realidades puramente económicas com amor, sentindo as pessoas que não vemos, dá-nos uma estruturação da nossa ética muito mais forte”, afirmou.

O presidente da ACEGE referiu-se à “acumulação de riqueza e à sua distribuição justa” e ao lucro como retorno do investimento. “Há uma compensação pelos investimentos que fazemos que não tem natureza material, mas imaterial. Quem decide o que é o lucro é aquele que investe e define qual a compensação que quer receber”, sublinhou.

Pinto Leite desafiou ainda os empresários a criarem uma “sonda” dentro das empresas, através da qual se captam as “situações mais dramáticas” vividas pelos seus colaboradores, às quais é dada resposta por “sistemas confidenciais de estabilidade interna”. Neste sentido, apelou também à “capacidade de liderança dentro das organizações para lá da liderança do topo”. “Há pessoas com uma capacidade de liderança subtil que influenciam e que nunca desistem de influenciar”, disse.

O conferencista disse ainda estar convencido de que “Deus ama as empresas como comunidades humanas e como obra humana” e considerou assim que o “bem maior” é a conservação daquelas organizações.

Pinto Leite reconheceu a resistência de muita gente ao tema. “Estes temas e estas atitudes de vida atiram-nos para o deserto. Distribui o livro a muitas pessoas e não tive quase reação nenhuma, mas vir-me uma empregada pedir o livro é o meu oásis que vale pelo deserto todo”, referiu, considerando “surpreendente”, ainda assim, que o tema tenha tido até agora “tanta aceitação”.

Para além de presidente da ACEGE, António Pinto Leite é advogado e empresário, sócio e co-presidente do conselho de administração de uma sociedade de 170 advogados e é membro do Conselho Superior de Magistratura.

Samuel Mendonça