Foi inaugurada na passada quarta-feira uma exposição no Parlamento Europeu, em Bruxelas, para dar a conhecer os 31 títulos da imprensa centenária portuguesa, grupo do qual faz parte o jornal Folha do Domingo, o mais antigo órgão de comunicação social em publicação no Algarve e mais sete publicações também de inspiração cristã.
Na abertura da exposição, promovida pela Associação Portuguesa de Imprensa (AIP) e pela Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIIC), o eurodeputado José Manuel Fernandes destacou a importância da imprensa centenária portuguesa da qual fazem parte publicações nacionais e regionais. “Estes jornais centenários dizem muito da nossa alma, das nossas raízes, da nossa força, do que é ser português, da resistência ao longo dos tempos. Temos aqui a nossa história e também a nossa diversidade, de fazermos jus ao lema ‘unidos na diversidade’”, afirmou.
José Manuel Fernandes disse ainda que “estes jornais contribuem para os valores da união europeia, para a democracia, para a liberdade, para a solidariedade e dão voz aos territórios”. “É uma das formas de promovermos a coesão territorial, de combatermos o centralismo”, acrescentou, lembrando aqueles “que se dedicam a dar o melhor de si” para que as notícias sejam transmitidas também pela diáspora portuguesa.
O deputado referiu-se ainda ao compromisso por si assumido na sessão de informação, que teve momentos antes com os diretores e administradores daquelas publicações, para a criação de um projeto piloto para a “sustentabilidade e desenvolvimento” daqueles órgãos que tenha em conta também a “promoção dos valores da União Europeia”. “É uma proposta que os deputados podem fazer. Seria importante vermos como é que a imprensa local pode dar as mãos e unir-se em termos europeus para promover os nossos valores e divulgar o nosso território e as nossas forças. Não tenho dúvidas que a imprensa local é um valor acrescentado em termos da União Europeia”, considerou.
“Apesar de todas as novas tecnologias, estou certo de que continuarão também no papel a divulgar os nossos territórios e a contribuir para o sucesso da União Europeia e para um valor essencial que é a paz e outro a solidariedade”, concluiu.
O presidente da AIP concordou com eurodeputado. “O mundo digital é o mundo do desafio, mas sem nos esquecermos que o mundo do papel é tão importante como o digital”, afirmou João Palmeiro, considerando que “o pluralismo e a diversidade dos media portugueses” são a resposta à pergunta para que é que serve aquela exposição.
A exposição em Bruxelas insere-se no contexto da intenção da AIP de apresentar uma candidatura à UNESCO para reconhecimento da imprensa centenária portuguesa como Património Cultural Imaterial da Humanidade. “É que existe uma maneira portuguesa de fazer jornalismo e editar jornais e essa maneira ultrapassa as fronteiras do nosso país e está espalhado por todo o mundo há muitos anos”, justificou João Palmeiro.
Aquele responsável acrescentou ontem na visita à Comissão Europeia que é preciso perceber que quando uma destas publicações deixar de ser editada é o mesmo que “demolir a Torre de Belém ou a igreja da terra”.
O presidente da AIP destacou ainda a credibilidade dos órgãos centenários. “Temos com estes jornais, pelo menos cem anos de credibilidade, a atestar”, frisou.
Foi entregue a cada um dos eurodeputados presentes um exemplar da publicação com a constituição e a síntese histórica dos títulos centenários oferecida ao presidente da República no dia 25 de abril deste ano, bem como uma edição com tradução em inglês da exposição agora inaugurada.
Nos dois dias em Bruxelas, os representantes dos órgãos centenários almoçaram ainda com os eurodeputados Sofia Ribeiro e José Manuel Fernandes, tiveram um encontro na Embaixada de Portugal com representantes da comunidade portuguesa na Bélgica e visitaram o Comité Económico e Social Europeu, onde assistiram a uma apresentação de Gonçalo Lobo Xavier, vice-presidente daquele órgão.