A sessão ordinária de novembro propôs aos conselheiros a reflexão dos quatro grandes núcleos temáticos daquele documento saído do Concílio Vaticano II, a fim de, a partir deles, se procurar “iluminar e orientar a pastoral” das paróquias que constituem a Diocese do Algarve.

Recorde-se que o Programa Pastoral da Igreja algarvia para este ano de 2012/2013, sob o lema “Chamados à Fé – Tende confiança!” (cf Jo 16,33), é inspirado num trecho da Lumen Gentium: “a todo o discípulo de Cristo incumbe o encargo de difundir a fé” (LG 17).

Na Assembleia Plenária, que teve lugar no Seminário de São José, em Faro, o bispo do Algarve, que presidiu à reunião, começou por explicar que o objetivo daquela jornada. “Precisamos desta renovação que constituiu o Concílio Vaticano II. Quanto mais conhecermos a Lumen Gentium, mais cresceremos nesta corresponsabilidade comum de ser Igreja. Esta constituição é essencial para compreendermos a Igreja e qual o nosso lugar. Só entendendo esta constituição é que entenderemos as outras”, sustentou D. Manuel Quintas, lembrando que o “campo privilegiado de ação do leigo é no seu ambiente de trabalho e na família”.

O padre António Manuel Martins, primeiro orador do dia, abordou o tema “O mistério da Igreja”, contextualizando a origem do documento que classificou como a “pedra angular de todos os documentos conciliares”, “dos textos mais belos do Concílio”.

Neste sentido, o sacerdote considerou que “a renovação espiritual protagonizada pela Ação Católica convergiu para a LG” e que esta, aprovada em 1964, depois de “várias versões”, surgiu de um “longo processo de maturação”, “de muito debate e consenso”. O padre António Martins evidenciou que o documento precisa a pergunta “Igreja o que é que dizes de ti mesma?”, recupera a “noção bíblica paulina de mistério” e é composto por quatro grandes linhas: a “relação da Igreja com Jesus Cristo”, a “relação da Igreja com o mistério trinitário”, a “relação da Igreja com o Espírito Santo” e “opções a fazer”.

“A vida espiritual da Igreja está toda aqui dita e nas melhores palavras”, destacou o orador, aludindo ao desafio que o documento propõe: “viver permanentemente no equilíbrio de Jesus Cristo, entre a dimensão humana e divina”.

O frei José Quintã, outros dos oradores do dia, referindo-se ao tema “O Povo de Deus e a vocação à santidade”, considerou a LG a “carta magna de todo Concílio”. Na sua intervenção apresentou o “sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial dos fiéis” como uma “ideia nova” que veio apresentar o “sacerdócio cristão como dom de si e culto espiritual”. O sacerdote franciscano explicou o “exercício do sacerdócio comum nos sacramentos”, o “sentido da fé e dos carismas no povo cristão”, a “universalidade e catolicidade do único povo de Deus”, “a necessidade da Igreja”, os “vínculos da Igreja com os cristãos não católicos” e o “caráter missionário da Igreja”.

O orador, que sublinhou também o papel dos consagrados na Igreja, destacou que o documento conciliar dá “relevo à dimensão histórica, à igualdade entre os crentes e à universalidade/catolicidade”. “Se antes havia uma conceção piramidal da Igreja, agora há uma conceção que se baseia no batismo”, explicou, referindo-se ainda ao “chamamento universal à santidade”, lembrando que todos, na Igreja são “chamados e obrigados a tender à santidade”.

Após o almoço, o padre Joaquim Nunes apresentou o tema “Igreja ministerial”, referindo-se às dimensões do “serviço/ministério, colegialidade e Igreja local”, sublinhando a “corresponsabilidade” das Igrejas particulares e dos seus bispos com a “universalidade da Igreja”, e aos leigos (entenda-se, não clérigos ou religiosos/consagrados) na sua dimensão “secular” e “realidades temporais, corresponsabilidade, ação apostólica e família”, destacando a sua “importância e lugar” na Igreja.

O segundo orador da tarde foi o padre Carlos de Aquino que se referiu ao tema “Maria e a escatologia”. O sacerdote explicou que a constituição dogmática “esclarece cuidadosamente qual o papel da Virgem na Igreja e na história e os deveres dos homens para com a Mãe de Deus”. O conferencista referiu-se ainda à “mediação de Maria”, aos seus títulos e celebrações ao longo do ano litúrgico, bem como à sua solenidade, festas, memórias e missas para sua evocação e destacou ainda a “profunda relação entre a celebração do mistério de Cristo e as festas de caráter mariano”.

O Conselho Diocesano de Pastoral é um órgão consultivo da diocese que tem como objetivo aconselhar o bispo em relação à vida pastoral da Igreja local.

Samuel Mendonça