O castelo de Paderne vai ser sujeito a uma intervenção para consolidar uma torre do século XII, promovida pela Direção Regional de Cultura do Algarve, com apoio da Câmara de Albufeira e duma entidade bancária, disse a diretora regional.
O contrato da empreitada de conservação e restauro foi assinado no passado dia 28 deste mês, numa cerimónia junto ao castelo de Paderne, e a diretora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, explicou à agência Lusa que vai ser consolidada uma torre albarrã em taipa, numa primeira fase da intervenção, orçada em 131.921 euros e com conclusão prevista até final do ano.
A Câmara de Albufeira e o Millennium BCP vão contribuir com 30 mil euros cada para esta primeira intervenção, enquanto o restante valor será financiado através de uma candidatura ao programa operacional CRESC Algarve 2020, quantificou Alexandra Gonçalves, referindo que a segunda fase, prevista para 2018, fará a “consolidação da taipa noutras partes do castelo”.
A diretora regional acrescentou que a obra tem também “uma componente de valorização” e dá corpo a uma intervenção “prevista há muito”, mas para a qual “faltava financiamento”.
“Existem desde 2010 projetos de intervenção para a torre albarrã, que é taipa almóada e que está a desboroar-se. Quem vir hoje a torre, nota em cima quase umas ameias, quando esta torre albarrã não tem ameias. É o resultado do tempo e do processo de falta de conservação”, constatou Alexandra Gonçalves.
A mesma fonte adiantou que, além da consolidação da torre, vão ser também desenvolvidos “alguns trabalhos ao nível da comunicação e da valorização do espaço do castelo de Paderne”, situado na freguesia homónima do concelho de Albufeira, no distrito de Faro.
“De facto é um monumento único, de taipa militar, no sul da Península [Ibérica], há mais um caso ou outro aqui na vizinha Espanha, mas é uma técnica construtiva rara, do século XII. Hoje, há nova taipa, a taipa moderna, mas deste período já subsistem poucos edifícios”, distinguiu Alexandra Gonçalves, revelando que vai também ser feito “algum trabalho arqueológico”.
A responsável máxima da Cultura no Algarve estimou o prazo da obra em “quatro meses” e considerou que a “complexidade” da intervenção “obriga a uma assistência especializada”, que será garantida pelo arquiteto espanhol Manuel Lopez Vicente, “um dos grandes especialistas de taipa deste período”, segundo Alexandra Gonçalves.
Esta assistência especializada é importante, por exemplo, para “fazer um estudo químico das terras para que a taipa seja segura e forte e consiga manter o castelo durante muitos anos, sem danificar a estrutura ainda existente”, justificou.
A intervenção na torre será acompanhada por uma monografia, que fará o registo dos trabalhos por escrito e com imagens, produzindo informação útil para futuras intervenções, sublinhou a diretora regional.
“Pretendemos sobretudo criar condições de acesso ao castelo, promover a divulgação do que é a taipa, da história associada àquele património cultural, em termos de arquitetura, mas também de arqueologia, e promover ações educativas e de formação em torno da valorização deste património emblemático, que é o primeiro [monumento] que vemos quando entramos no Algarve [provenientes da A2, tomando a Via do Infante (A22) em direção a Faro]”, afirmou.