O incidente ocorreu no sábado durante uma paragem da caravana automóvel que percorria a Estrada Nacional 125 (EN125) em marcha lenta na zona de Vale Judeu, onde houve recentemente um acidente com vítimas mortais.

“Queríamos fazer uma paragem simbólica para assinalar um acidente trágico onde morreram duas pessoas, tal como já fizemos noutras alturas, até com a colaboração das autoridades. Ali, resolveram atuar com agressividade e não nos deixaram desfraldar a faixa”, explicou à Lusa João Vasconcelos.

Segundo o porta-voz da comissão, o facto de as autoridades terem empurrado “violentamente” os manifestantes fez com que a ação demorasse cerca de 15 minutos, em vez de um ou dois, como estava previsto, provocando o bloqueio da via durante esse período.

Para assinalar um ano sobre a introdução de portagens nas autoestradas ex-SCUT (sem custos para o utilizador), aquela comissão promoveu no sábado um debate sobre o tema e uma marcha lenta pela EN125, que juntou cerca de cem viaturas.

Do debate resultou a criação de uma moção com oito argumentos para a suspensão das portagens naquela via, que a comissão vai encaminhar esta semana ao primeiro-ministro, ao ministro das Obras Públicas e do Emprego, ao Presidente da República, à Comunidade Intermunicipal do Algarve, aos grupos parlamentares da Assembleia da República e a outras entidades e associações regionais.

A comissão defende ainda a anulação da parceria público-privada que garante a cobrança das portagens e a gestão da A22 e quer que o Governo torne públicas as conclusões do estudo sobre as consequências das portagens na vida social e económica do Algarve.

Ao ministro da Economia a comissão vai pedir uma audiência com caráter de urgência em que pretende contar com a presença de representantes das forças vivas da região.

João Vasconcelos disse que nas reuniões que a comissão tem vindo a realizar com autarcas se nota uma maior sensibilidade, particularmente após o anúncio da anulação da construção de variantes.

O agravamento da crise social e económica do Algarve, onde o número de desempregados atinge mais de 50 mil pessoas, a perda de competitividade e de mobilidade e o aumento da insegurança nas vias não portajadas são algumas das razões porque aquela comissão tem vindo a protestar.

A estes argumentos junta-se agora a anulação da construção de variantes à EN125, cujas obras de requalificações foram suspensas, e os dados divulgados pela Estradas de Portugal que dão conta de uma redução de tráfego na A22 na ordem dos 50%.

Essa redução traduz-se em prejuízos que, até ao final do ano, poderão atingir os 40 milhões de euros.

Lusa