O empresário gere um estaleiro onde se constroem entre 10 a 12 embarcações de fibra de vidro por ano, com uma média de 17 metros, emprega cerca de 40 pessoas e gera um volume de negócios anual próximo dos cinco milhões de euros, razões que o levam a considerar que a indústria naval deve merecer mais atenção dos organismos oficiais.
À frente da empresa algarvia há cerca de 20 anos, período no qual construiu perto de 300 embarcações, o empresário fez à Lusa uma avaliação do setor e mostrou-se cético relativamente à hipótese de o país aproveitar o desígnio do Mar como uma das áreas a explorar para sair da crise.
A pouca procura de embarcações novas está a obrigar a empresa a “inovar” e, por isso, o empresário está também a apostar na contratação de ‘designers’ e outros profissionais qualificados que permitam criar produtos diferentes e que o possam fazer distinguir-se de outros concorrentes estrangeiros.
“Estamos também a tentar colmatar isso com investimento na área da reparação, criando condições para fazer parqueamento e reparação, e a tentar exportar mais, nomadamente para o mercado angolano, porque temos tido pessoal lá a trabalhar, mas a ideia é nós próprios criarmos uma unidade de produção lá, com um parceiro local”, acrescentou.
Essa expansão para Angola pode ser uma realidade a “curto prazo”, disse Rui Roque, para quem ”o setor necessita que se abram algumas oportunidades de trabalho e aquelas que se abrem sejam aproveitadas pela indústria nacional” e não vão para o estrangeiro, “como aconteceu com os barcos destinados às explorações de aquacultura” do ‘offshore’ da Armona, no Algarve.
“É imperioso que os projetos que sejam aprovados e as oportunidades de trabalho que surjam a nível nacional e provenham de apoios nacionais sejam executados no país. E falta um pouco de atenção de algumas entidades no sentido de orientar as coisas nessa base”, afirmou, referindo-se a organismos “como a Direção-Geral das Pescas”.
Rui Roque sublinhou que, a nível ibérico, o seu estaleiro “tem capacidade instalada, concorre com qualquer estaleiro espanhol sem problemas” mas, quando se apercebeu, “os barcos já estavam a ser construídos em Espanha”.
“Não faz sentido que verbas e investimentos destinados e feitos no Algarve sejam canalizados para a Galiza ou para a Andaluzia”, criticou.