Católicos, anglicanos, luteranos e ortodoxos (moldavos) encontraram-se, na última sexta-feira, na Sé de Faro, para rezarem juntos pela unidade cristã durante este período de oração que teve início no passado dia 18 deste mês e que terminou naquele dia em que a Igreja Católica evocou a conversão do apóstolo São Paulo.

Sob o tema ‘O que exige Deus de nós’, expressão inspirada numa passagem bíblica, do profeta Miqueias (Mi 6, 6-8), escolhido este ano por representantes polacos da Igreja Católica Romana, da Igreja Ortodoxa e dos Antigos Católicos e Igrejas protestantes, a celebração contou com a presença do bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, do cónego José Pedro Martins, dos padres Firmino Ferro e Joaquim Nunes e do diácono Rogério Egídio em representação da Igreja católica, do pastor Claudio Stief em representação da Igreja Luterana alemã, do padre Bob Bates em representação da Igreja Anglicana, e do padre Ioan Rîşnoveanu, representante de Igreja Ortodoxa romena.

D. Manuel Quintas lembrou o “compromisso da Igreja Católica na procura dos caminhos da reconciliação com vista à unidade dos cristãos” como um “empenho pessoal e particular do Papa Bento XVI”, citando as suas palavras no Encontro Europeu de Taizé em Roma, no qual participaram cerca de 40 mil jovens. “Talvez antes de procurarmos que as nossas cabeças estejam unidas naquilo que diz respeito à teoria e à doutrina, devamos deixar que Cristo una os nossos corações”, afirmou o prelado, que se mostrou feliz pela iniciativa se realizar na igreja-mãe dos católicos algarvios. “Estamos unidos com toda a Igreja [Católica] do Algarve e com todas as [suas] paróquias. É este calor da presença de Cristo na nossa vida que nos há-de levar a regressar cheios de entusiasmo à unidade. É Jesus que aquece o nosso coração e nos abre os olhos da fé, mas somos nós que temos de decidir e que temos de fazer o caminho inverso da união e da unidade para que o mundo acredite”, complementou D. Manuel Quintas.

O padre Bob Bates reconheceu as diferenças entre as confissões cristãs, mas destacou o essencial. “Sim, temos diferenças, mas estamos juntos com o nosso Senhor e n’Ele unidos na nossa diversidade”, afirmou, lembrando que “cristãos de diferentes denominações têm testemunhado a mesma fé em Cristo”.

O sacerdote agradeceu a “generosidade” de D. Manuel Quintas e a “hospitalidade” dos padres da diocese algarvia na cedência das igrejas católicas para o culto anglicano, aspeto também sublinhado pelo pastor Claudio Stief. “Os membros da comunidade da Igreja Luterana alemã reúnem-se na igreja católica do Carvoeiro e isso já diz imenso”, afirmou. “Estou certo que Deus olha com alegria para nós e vai entrar nos nossos corações”, acrescentou o pastor luterano.

Na celebração que foi animada pelo Movimento dos Focolares e na qual participaram cerca de 80 pessoas, o padre Ioan Rîşnoveanu destacou o “mandamento novo” de Jesus: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”. “O que convence todos os povos é o testemunho da alegria e a graça de termos encontrado o Senhor”, acrescentou.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem as suas raízes em 1908 e seis décadas depois a iniciativa passou a ser preparada por diversas confissões cristãs, mediante o trabalho conjunto do Conselho Mundial das Igrejas e do atual Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica.

Samuel Mendonça