Com vista a celebrarem o acontecimento maior da sua fé – a ressurreição de Jesus Cristo – que a fundamenta e lhe dá sentido, bem como a tudo o que dela e nela se inspira, os cristãos do Algarve reuniram-se ontem à noite, Sábado Santo, para a Vigília Pascal em quase todas as paróquias algarvias.

Na Sé de Faro, o bispo do Algarve, que presidiu à celebração na catedral diocesana, lembrou que toda a liturgia da Igreja se inspira e vive de quanto se celebra naquela “noite de alegria e de festa”. “A alegre e boa notícia que hoje nos congrega é expressão da nossa fé, estímulo e impulso para a nossa vida do dia a dia e para o nosso testemunho. A fé na ressurreição é verdadeiramente o elemento decisivo da nossa fé, daquilo que vivemos, do modo como norteamos a nossa vida, do modo como testemunhamos esta mesma fé”, afirmou D. Manuel Quintas.

Na noite, em que Jesus passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração para aguardarem a ressurreição de Cristo e a celebrarem nos sacramentos. Na verdade, a Vigília Pascal, articulada em quatro partes – liturgia da luz ou “lucernário”, liturgia da palavra, liturgia batismal e liturgia eucarística –, foi sempre considerada a mãe de todas as vigílias e o coração do ano litúrgico, embora a sensibilidade popular possa pensar que a grande noite seja a de Natal.

Após a liturgia da luz, – que consistiu na bênção do fogo, na preparação e acendimento do círio no lume novo (símbolos da luz da Páscoa que é Cristo, luz do mundo) e na proclamação do precónio pascal e da liturgia da Palavra, com as sete leituras do Antigo Testamento que recordam a história da salvação e as duas do Novo Testamento –, D. Manuel Quintas dirigiu-se aos muitos cristãos presentes, detendo-se na explicação do grande símbolo daquela celebração: a luz. “Iniciámos esta vigília iluminados por este círio que simboliza Cristo ressuscitado. Dele brota uma luz que transforma as trevas, que brilha na noite, que desfaz a escuridão. Essa é a luz de Cristo ressuscitado”, evidenciou.

Neste sentido, o prelado frisou que Jesus ressuscitou, destacando o “núcleo essencial” da fé cristã. “Tal como Jesus ressuscitou, também nós vamos ressuscitar um dia”, certificou.

Sublinhando a união ao grupo total de 36 adultos, que ontem receberam em todas as paróquias algarvias os sacramentos da iniciação cristã (batismo, crisma e comunhão), eleitos desde o primeiro domingo da Quaresma, o bispo do Algarve dirigiu-se particularmente aos três da paróquia da Sé que foram iniciados na fé cristã. “Não estareis sozinhos. Tereis sempre a força desta luz que vos aquece, purifica, ilumina e fortalece. E particularmente a ação do Espírito Santo”, afirmou D. Manuel Quintas aos catecúmenos, agora neófitos (recém-batizados).

O bispo do Algarve pediu aos novos cristãos e a todos os restantes que difundam “por toda a parte” o “bom odor de Cristo”. “Como? Tendo as suas atitudes e os seus gestos e manifestando a todos aquilo que Ele nos disse. Que bom que seria que este mundo fosse perfumado por nós, batizados. Cristo deveria estar presente nossos gestos, atitudes, projetos e sonhos”, explicou, garantindo que “Isso só é possível pela ação do Espírito”.

A liturgia batismal teve início com o canto da ladainha dos santos, a bênção da água (o outro símbolo da noite), os batismos e crismas antes da aspersão de toda a assembleia com a água benta e da oração universal.

A celebração prosseguiu com a liturgia eucarística como momento culminante da vigília que durou três horas e meia.

Samuel Mendonça