Faleceu anteontem de manhã no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o frei António António Crispim, o primeiro pároco franciscano da paróquia da Conceição de Faro.
O sacerdote da Ordem dos Frades Menores (franciscanos), de 84 anos de idade, que foi também colaborador do Folha do Domingo, foi pároco daquela paróquia do concelho de Faro de 5 de novembro de 1967 a 5 de novembro de 1972, tendo substituído o então padre António Carrilho, hoje bispo do Funchal, o último sacerdote diocesano prior daquela comunidade.
Para além disso, o sacerdote franciscano foi superior da fraternidade franciscana no Algarve e professor de Moral no antigo Colégio Algarve, em Faro.
Em dezembro passado, o frei Paulo Ferreira, seu sucessor e atual pároco da paróquia da Conceição de Faro, lembrou o seu confrade agora falecido no contexto das celebrações de meio século de presença franciscana naquela paróquia. “O padre Crispim é o exemplo de Cristo-rei servidor porque quando veio, além do exercício do seu sacerdócio, pôde servir a comunidade muitas vezes com a sua força para que ela pudesse crescer”, afirmou na ocasião.
A saúde do padre António Crispim foi-se tornando débil nos últimos tempos, tendo sido aconselhado a receber cuidados médicos na enfermaria provincial. Com o particular agravamento do seu quadro clínico nos últimos dias foi internado de urgência no hospital devido a uma crise diabética, onde veio a falecer.
António Marques Crispim nasceu no lugar de Penafirme, paróquia de Nossa Senhora de A-dos-Cunhados, Torres Vedras, a 23 de janeiro de 1934, filho de António dos Santos Crispim e de Ludovina Ferreira Marques. Tomou hábito na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de agosto de 1950 e fez a sua profissão temporária a 15 de agosto de 1951.
A sua atividade pastoral iniciou-se, ainda como estudante de Teologia, nos bairros periféricos do Seminário da Luz e a sua profissão solene foi realizada a 15 de agosto de 1955 e a ordenação sacerdotal a 13 de julho de 1958.
Começou a vida sacerdotal como coadjutor das paróquias de Carnide e da Pontinha (Lisboa). De 1960 a 1962 foi prefeito e professor no Colégio de Montariol; de 1962 a 1966, professor de Religião e Moral na Escola Técnica e Liceu de Setúbal e ainda assistente espiritual do Corpo Nacional de Escutas, de Vicentinos, dos Jocistas do Liceu e duma equipa de Casais de Nossa Senhora. No ano letivo 1966/1967 foi professor de Moral na Escola Agrícola da Paiã, em Loures, quando era, de novo, coadjutor de Carnide e Pontinha.
Depois da passagem pelo Algarve, regressou entre 12 de novembro de 1972 e 28 de outubro de 2001, à terra natal para ajudar seus pais, doentes e de avançada idade, tendo sido integrado na Fraternidade de Varatojo e designado pároco de Ponte do Rol e São Pedro da Cadeira. Foi também professor na então Escola Preparatória Padre Francisco Soares, de Torres Vedras. A partir de 2003 exerceu o ministério de capelão do Lar de São José de Torres Vedras.
Possuidor de sensibilidade poética viu muitos poemas seus publicados em jornais e revistas, entre os quais Folha do Domingo, tendo ganho inúmeros prémios, distinções e menções honrosas.
Publicou em 2003 breves biografias em prosa e verso dos “Padres Torrienses do século XX”, com o título ‘À Sombra das Velhas Torres’.
A música foi também uma das suas paixões. Além de tocar órgão e harmónio, escreveu muitas páginas musicais para órgão e piano, além de ter escrito e musicado hinos e cânticos, antífonas e responsórios. Ensaiou e dirigiu grupos de música folclórica e litúrgica.
O corpo do frei António Crispim estará hoje, na igreja do Convento de Varatojo, em câmara ardente e pelas 19 horas celebrar-se-á a eucaristia, com oração de vésperas.
Amanhã, dia 17 de abril, seguirá para a igreja de Nossa Senhora da Graça (igreja do Seminário) em Póvoa de Penafirme onde serão celebradas as exéquias pelas 10h, sob a presidência de D. António Montes Moreira, bispo emérito de Bragança-Miranda e religioso franciscano, seguindo o funeral para o cemitério local.