A eurocidade luso-espanhola do Guadiana ganhou um novo impulso com a obtenção de personalidade jurídica própria, que lhe permite criar uma sede administrativa em Ayamonte (Espanha) e passar à sua operacionalização, disse ontem a presidente.

A presidência rotativa da eurocidade do Guadiana, que é composta pelo município espanhol de Ayamonte e pelos concelhos portugueses de Castro Marim e Vila Real de Santo António, foi ontem transferida do presidente da Câmara castro-marinense, Francisco Amaral, para a homóloga de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, numa cerimónia em que foi identificada como prioridade a elaboração de documentos estratégicos e de planificação conjuntos.

A presidente da Câmara de Vila Real de Santo António e anfitriã da cerimónia, Conceição Cabrita, destacou o potencial turístico desta unidade territorial, que integra os concelhos de fronteira localizados junto à foz do rio Guadiana, anunciando que a eurocidade “vai ter uma sede administrativa em Ayamonte” e que hoje ainda seria realizada uma reunião com técnicos e autarcas dos três municípios a cargo do projeto.

Conceição Cabrita sublinhou a importância de a eurocidade “já ter personalidade jurídica e número de contribuinte”, permitindo dar início a uma nova fase da vida da estrutura transfronteiriça que passará pela sua operacionalização efetiva.

O presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, lembrou uma tentativa “malsucedida” de autarcas do Algarve e da província andaluz de Huelva para formalizar uma associação conjunta no passado e disse ter receado que a obtenção de personalidade jurídica por parte da eurocidade fosse demorar mais tempo e dificultar a evolução desta ferramenta de cooperação transfronteiriça.

“Estava a fazer contas que levávamos meia dúzia de anos nisto, mas o trabalho dos técnicos permitiu que já conseguíssemos ter personalidade jurídica”, congratulou-se o autarca, considerando que há agora condições para aprofundar a cooperação, aproximar a estrutura das populações e divulgar as potencialidades dos três municípios como uma só unidade territorial.

O alcalde de Ayamonte, Alberto Fernandez Rodriguez, considerou, por seu turno, que a eurocidade do Guadiana deu um “passo definitivo” para deixar o plano da “boa vontade e das intenções” e começar a “trabalhar no que os autarcas e técnicos têm na cabeça desde que se começou a falar no projeto”.

Alberto Fernandez Rodriguez reconheceu que, por enquanto, a eurocidade “não tem orçamento e não pode custear uma estrutura própria”, mas admitiu que dentro de “um ano ou dois” ela pode ser uma realidade e, até lá, os técnicos municipais garantem a operacionalização do projeto.

O alcalde de Ayamonte disse também que a eurocidade vai agora começar a analisar os planos de cada município para elaborar documentos de planificação estratégicos próprios que contribuam para a sua afirmação, para explorar potencialidades como o turismo ou a cultura e para criar ofertas à população em áreas como a mobilidade e os transportes.