António Goulart disse que as empresas estão a contratar muito menos pessoas para trabalhar no verão do que em anos anteriores, lembrando que a época alta agora praticamente se resume aos meses de julho e agosto.

"A perspetiva é que a época alta do turismo poderá criar temporariamente 2.000 a 3.000 postos de trabalho num universo de 60 a 70 mil desempregados", estimou, frisando que a época alta já não são "os clássicos seis meses" do passado.

O dirigente sindical falava à Lusa à margem de uma marcha contra o desemprego e salários em atraso que hoje à tarde decorre em Albufeira, cujo ponto de partida é o Hotel Montechoro e o destino a Câmara Municipal.

Esta é uma das iniciativas organizadas pela USAL na região algarvia, no âmbito da semana de luta contra o desemprego, que se iniciou na segunda-feira e decorre até sábado em vários pontos da região.

António Goulart acrescentou ainda que, segundo dados recolhidos pela organização que dirige, o número de empresas que declararam insolvência entre 2011 e 2012 no Algarve cresceu 56%.

"A época alta do turismo será um mero compasso de espera até chegarmos ao inverno com uma situação catastrófica", frisou, exigindo a demissão do Governo, que acusa de nada fazer para combater o desemprego.

Segundo o sindicalista, o atual Governo é "uma autêntica fábrica de desemprego", uma vez que prossegue uma política que não deixa margem para a apresentação de propostas de combate ao desemprego.

"Aquilo que fizemos ao longo dos anos foi criar propostas concretas, mas agora já não há condições, porque o problema reside na política do Governo, que é profundamente antiemprego", sublinhou.

António Goulart salientou ainda que o desemprego real se situa muito acima dos números oficiais do desemprego na região, que apontam, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao último trimestre de 2012, para uma taxa de 19,7%.

Segundo as contas da USAL, a taxa de desemprego no final do ano passado deveria rondar os 30%, o que significa que havia cerca de 70 mil algarvios desempregados ou subocupados, referiu.

Para António Goulart, estes números deverão neste momento estar já inflacionados, uma vez que o pior trimestre em termos de desemprego "é sempre o primeiro".

O dirigente sindical acrescentou que, dos 38 mil desempregados inscritos nos centros de emprego da região, em fevereiro, apenas 58% estavam a receber subsídio de desemprego.

A USAL vai na sexta-feira montar uma tribuna pública frente ao Centro Local de Segurança Social de Portimão e tem agendada uma outra iniciativa junto ao Retail Park da cidade, que há seis meses ficou completamente destruído num incêndio.

Para sábado, em Faro, está marcado um debate sobre o desemprego, que contará com a participação de vários deputados.

Lusa