Maria João Bebiano falava a propósito do 17.º simpósio internacional sobre os efeitos da toxicidade ambiental em organismos aquáticos (PRIMO), que terminou ontem em Faro e foi pela primeira vez organizado em Portugal.

Para a investigadora, que coordenou o simpósio, esta iniciativa pode ajudar a ultrapassar alguma reticência das entidades oficiais em abordar estes assuntos.

Maria João Bebiano disse que há conhecimento produzido sobre a contaminação de organismos marinhos por fármacos, protetores solares ou nanopartículas utilizadas em roupas e que a Universidade do Algarve é reconhecida internacionalmente por isso.

Mas falta agora, acrescentou, as entidades oficiais tomarem contacto com esta realidade para se encontrarem formas de evitar essa contaminação dos organismos marinhos e a sua influência na saúde humana.

“As soluções são com outras pessoas, porque passam pela parte administrativa e pela forma de evitar como algumas coisas chegam ao mar”, afirmou.

Maria João Bebiano considerou que “às vezes é difícil as entidades quererem conhecer os projetos”, porque a contaminação ainda é uma palavra que causa receio nos responsáveis e decisores políticos.

“O nome mete um pouco de medo, mas é necessário haver uma maior consciencialização para evitar que algumas coisas cheguem ao mar”, afirmou.

O simpósio começou no domingo e ao longo dos quatro dias estiveram na Universidade do Algarve 400 investigadores de 33 países.

“Foi pelo reconhecimento do trabalho que tem sido apresentado nas reuniões e devido ao conhecimento que se faz aqui que se decidiu fazer o encontro aqui”, acrescentou Maria João Bebiano, sublinhando que já foi provada, por exemplo, a contaminação de mexilhões por filtros ultravioletas contidos nos protetores e bronzeadores solares.

A investigadora fez um “balanço extremamente positivo” do encontro internacional, referindo que uma das coisas positivas é que se estabelecem muitas colaborações internacionais.

"Há muitos investigadores que estão em áreas complementares que circulam depois pelas várias equipas”, precisou.

A coordenadora do simpósio disse ainda que o encontro serviu também para muitos investigadores tomarem contacto com a realidade da Universidade do Algarve e o trabalho que desenvolve, que já levou a que alguns manifestassem interesse em vir desenvolver trabalhos em Portugal.

Lusa