O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (STFPS) do Sul e Regiões Autónomas emitiram um comunicado conjunto em que contestam o facto de não terem sido envolvidos no processo.
Em declarações à Lusa, Nuno Manjua, do SEP, disse que soube da intenção de reorganizar a rede hospitalar da região pela comunicação social e lamenta que a ARS/Algarve tenha conduzido o processo "à revelia de todos".
De acordo com o sindicalista, a ARS/Algarve, apesar de vários pedidos, nunca disponibilizou o estudo que fundamenta a decisão do Governo e que estima uma poupança de 45 milhões de euros com a fusão dos hospitais da região.
"Gostávamos de saber, parcelarmente, como chegaram a esse valor, pois não está cabalmente esclarecido", referiu, acrescentando que está também preocupado com a mobilidade dos profissionais que terão de se deslocar entre Portimão e Faro.
O decreto-lei que estipula a criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) – que resulta da agregação do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (hospitais de Lagos e Portimão) e do Hospital de Faro -, entra em vigor a 01 de julho.
Apesar de na semana passada ter estado presente numa reunião, em Faro, que juntou a ARS e o Conselho de Administração do hospital da cidade, o sindicalista queixa-se de nunca ter sido ouvido na fase de discussão da proposta.
"Nunca nos foi dito que estava a ser realizado um estudo para suportar a decisão, nem nos foi apresentado o impacto orçamental da medida", referiu Nuno Manjua, frisando que não está contra nem a favor da medida, cujos detalhes desconhece.
Outra questão que preocupa o sindicalista é a reorganização dos serviços, uma vez que a ARS/Algarve remete a futura organização do centro hospitalar para o futuro e único conselho de administração, que ainda não foi nomeado.
Aprovada em Conselho de Ministros a 17 de abril, a criação do CHA foi proposta e justificada pela ARS/Algarve "como um importante instrumento de gestão para otimizar a gestão das unidades de saúde e permitir uma resposta aos crónicos constrangimentos de recursos humanos".
A criação do Centro Hospitalar do Algarve foi contestada e classificada pela maioria dos autarcas da região como uma medida economicista, à exceção do presidente da câmara de Faro, que aplaudiu a medida.
Os autarcas temem que a fusão dos hospitais conduza ao encerramento de alguns serviços, hipótese que já foi negada pelo presidente da ARS, Martins dos Santos, que assegurou não estar prevista a extinção ou redução de valências nas unidades.
Lusa