Na reunião geral de trabalhadores, convocada para as 10 horas na sede da Sociedade Cooperativa de Produtos Alimentares do Algarve (Alicoop), em Silves, o presidente do grupo pretende ainda anunciar o encerramento de mais de 60 lojas no Algarve e em Lisboa.
"Sem ter o apoio formal dos credores ao plano de viabilização, somos obrigados a reduzir a atividade do grupo entre 90 e 95 por cento", observou José António Silva.
Em causa está, segundo o responsável, a "salvaguarda dos ativos da empresa", que, não tendo recebido luz verde para implementar o plano apresentado a 8 de fevereiro ao tribunal, se vê "forçada a não aumentar a dívida".
A reunião da comissão de credores agendada para 9 de fevereiro acabou, aliás, por ser cancelada, devido à ausência anunciada da Caixa Geral de Depósitos, por não estar disponível para financiar 1,2 milhões dos 5,5 milhões de euros necessários para salvar a cadeia de supermercados.
"A atividade é extraordinariamente deficitária no Algarve no inverno, pelo que, estando nesta situação, podemos apenas manter em funcionamento cerca de uma dúzia de lojas onde se verifica maior faturação e, mesmo assim, em horário reduzido", explicou José António Silva.
Apesar da medida implicar a suspensão de contratos, o presidente da Alicoop garante que "não há despedimentos".
Trata-se, segundo José António Silva, de "uma forma de não defraudar o património até à assembleia de credores e de garantir que os trabalhadores recebem o subsídio de desemprego, pois neste momento não temos como lhes garantir ordenado".
A Alicoop – que detém as empresas Alisuper, Macral e Geneco – conta com 87 supermercados Alisuper, 75 no Algarve e 12 em Lisboa, e quase 500 trabalhadores. Encontra-se em insolvência desde agosto de 2009, devido a dívidas acumuladas de cerca de 80 milhões de euros.
O plano de viabilização, que prevê a reconversão da maior cadeia de supermercados do Algarve numa insígnia internacional, tem o aval do maior credor, o MillenniumBCP.
Apesar do impasse, tanto José António Silva como a Comissão de Trabalhadores estão otimistas, pois acreditam na "mudança de posição da Caixa [Geral de Depósitos] em relação ao financiamento", confessou o representante dos trabalhadores José Carlos Parreiro.
Cabe agora ao tribunal convocar a assembleia de credores, o que, na opinião do presidente da Alicoop, poderá acontecer no início de março, o novo limite para que o plano mereça aprovação.
Lusa