Chamadas e apresentadas na eucaristia da ordenação de um novo diácono e de um novo padre para a Diocese do Algarve, em Silves, Carmem Santos, Carmen Geraldes, Daniela Vaz e Marlene Viegas foram enviadas, em nome da Igreja algarvia, no final da celebração, tendo sido entregue a cada uma cruz e um Novo Testamento.

Sublinhando a oportunidade daquele envio num dia em que a Igreja celebrava a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, – este último um dos que “levou pelo mundo o evangelho” –, D. Manuel Quintas apelou à união com as missionárias. “Gostaria que toda a Igreja diocesana se sentisse enviada nestas quatro jovens”, pediu.

Ligadas ao projeto de cooperação e desenvolvimento Boluka Kua Zua, constituído em 2010 por três missionários algarvios e que nos últimos anos tem incentivado a partida de outros em missão, as enviadas, todas estreantes na realização destas experiências, com exceção de Carmem Santos, que já tinha estado em 2008 em Angola, são unânimes em considerar ao Folha do Domingo que cá também se pode “fazer missão” e que “todos os dias devemos ter isso em mente”, de modo ajudar o próximo porque “a vida é um serviço aos outros” em permanência.

No entanto, todas defendem também que ir em missão para países com outras dificuldades, é diferente. “É outra realidade e são outras as necessidades que vamos tentar colmatar com os conhecimentos que adquirimos cá”, justifica Marlene Viegas, enfermeira, natural de São Brás de Alportel e residente em Portimão.

Carmen Geraldes, alentejana e estudante de economia em Lisboa, considera mesmo que o motivo que a leva a partir prende-se com a “vontade de querer dar um bocadinho mais” às pessoas que passam por “necessidades a que não estamos habituados”.

Carmem Santos, também enfermeira, natural e residente em Espiche (Luz de Lagos), acrescenta que os missionários também saem beneficiados da sua missão. “Quem lá está tem também a sua riqueza e os seus valores, e se partilharmos tudo uns com os outros, enriquecemo-nos mutuamente”, justifica, acrescentando a razão da sua reincidência. “A missão «ad gentes», que já esteve presente na minha vida há cinco anos, foi muito importante para mim e hoje sinto-me de novo chamada por Deus a partir para um país diferente do meu e a dar-me aos outros”, explica.

Também Marlene Viegas diz ser o “chamamento” de querer “dar-se ao outro” que a leva a ir em missão e Daniela Vaz, educadora de infância, natural de Portimão e residente perto de Alcantarilha, refere que fazer uma experiência missionária “foi sempre uma coisa que quis”. “Vem de dentro e é difícil explicar”, testemunhou.

Carmen Geraldes e Daniela Vaz irão já em agosto para Moçambique, enquanto Carmem Santos e Marlene Viegas só em outubro é que rumarão a Angola, acompanhadas por Elisabete Matos, comerciante, natural do Alentejo mas residente no Carvoeiro (Lagoa), sendo que ambas as missões terão a duração de um mês. “Não nos foi permitida a licença sem vencimento. Então, o nosso período de férias é exclusivamente para ir em missão”, explica Marlene Viegas, aludindo ao vínculo laboral com o Estado das enfermeiras.

Apesar de nenhuma das equipas de missionárias saber ainda para que zona dos respetivos países que lhes calhou irá trabalhar, Carmem Santos e Marlene Viegas sabem apenas que irão colaborar na sua área de formação, a saúde. Carmen Geraldes e Daniela Vaz irão trabalhar com crianças e jovens, podendo também dar continuidade aos projetos do Boluka Kua Zua, iniciados em 2010.

O grupo de missionárias frequentou formações da Fundação Fé e Cooperação (FEC) em vários pontos do país e realizaram, ao longo de um ano, uma preparação mensal com a comunidade de Odiáxere das FMM. “Foi-nos incutido em todas as formações que fizemos, nomeadamente com a FEC, a necessidade de fazer um planeamento e de traçar objetivos pessoais e de grupo. Vamos ainda tentar reunir-nos e traçar alguns objetivos, tendo em conta algumas ressonâncias que possamos ter de quem já lá esteve ou de quem lá esteja”, explicaram as missionárias que querem também levar material para doar mas pretendem “avaliar bem as necessidades”.

Samuel Mendonça