
O bispo do Algarve realça na sua mensagem para este tempo natalício, a que Folha do Domingo teve acesso, que “celebrar o Natal é (…) acolher na fé o amor de Deus manifestado em Cristo” e que está presente em cada pessoa.
“Ele [Cristo] vem ao nosso encontro, em cada homem e em cada tempo, para que o recebamos na fé e no amor. Celebrar o Natal é por isso mesmo aceitar sair da zona de conforto e encontrar Cristo no rosto do outro, que nos interpela com a sua presença física, com os seus sofrimentos e as suas inquietações, com a sua alegria contagiosa, permanecendo a seu lado”, escreve D. Manuel Quintas na mensagem sob o tema “Cristo, o enviado do Pai”.
O prelado manifesta, por isso, o seu “reconhecimento a quantos das formas mais diversas, como diversas são as motivações que os animam no serviço aos outros, a título individual, familiar ou institucional, assumem com novo empenho, em cada Natal, a missão de abater muros, construir proximidades, desfazer solidões, ser fraternos”.
D. Manuel Quintas deseja “que o acolhimento na fé e no amor do Deus-Menino”, leve “continuamente a reconhecê-l’O no rosto e na vida de quantos reclamam, mesmo silenciosamente”, a “partilha solidária e fraterna”. “Só assim é que o Natal poderá ser para todos «santo e feliz»”, alerta o bispo diocesano, que começa precisamente por manifestar a intenção de “acolher o Deus-Menino, com maior disponibilidade interior, como “o enviado” do Pai”.
Mensagem do bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas
MENSAGEM DE NATAL Cristo, o enviado do Pai Em Ano Missionário, chamados como Igreja diocesana a celebrar o Evangelho da Família, queremos neste tempo natalício acolher o Deus-Menino, com maior disponibilidade interior, como “o enviado” do Pai, verdade acolhida na fé, professada no Credo e celebrada em cada Natal: por nós homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez homem. Celebrar o Natal é, por isso mesmo e à semelhança de Maria, acolher na fé o amor de Deus manifestado em Cristo: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer (…) tenha a vida eterna” (1 Jo 3, 16). Verdade insistentemente reafirmada por S. João – “nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem” (1 Jo 4,16) – e que exprime “com singular clareza, o centro da fé cristã” e a “opção fundamental da vida”, uma vez que no “início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (DC 1). Foi o que aconteceu a Maria e José, aos pastores de Belém, aos Magos que regressaram “por outro caminho”… e a quantos, ao longo dos tempos, pela experiência quotidiana deste amor acolhido e partilhado, descobriram a alegria de crer e reencontraram o entusiasmo em anunciar Cristo e a Boa Nova do Reino. Ele vem ao nosso encontro, em cada homem e em cada tempo, para que o recebamos na fé e no amor. Celebrar o Natal é por isso mesmo aceitar sair da zona de conforto e encontrar Cristo no rosto do outro, que nos interpela com a sua presença física, com os seus sofrimentos e as suas inquietações, com a sua alegria contagiosa, permanecendo a seu lado (cf EG 88). A fé, que atua pelo amor (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. PF 6). “A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma permite à outra realizar o seu caminho. (…) É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz nosso próximo no caminho da vida” (PF 14). Quero manifestar o meu reconhecimento a quantos das formas mais diversas, como diversas são as motivações que os animam no serviço aos outros, a título individual, familiar ou institucional, assumem com novo empenho, em cada Natal, a missão de abater muros, construir proximidades, desfazer solidões, ser fraternos. Que o acolhimento na fé e no amor do Deus-Menino, nos leve continuamente a reconhecê-l’O no rosto e na vida de quantos reclamam, mesmo silenciosamente, a nossa partilha solidária e fraterna. Só assim é que o Natal poderá ser para todos “santo e feliz”. Àquela que foi proclamada “feliz porque acreditou”, confiemos, como Mãe de Deus e nossa Mãe, o Novo Ano que vamos iniciar. Manuel Quintas, Bispo do Algarve |