Francisco Amaral, presidente da Câmara de Alcoutim, explicou à agência Lusa que tomou conhecimento da intenção do governo de encerrar a escola da sede de concelho, frequentada por alunos do 1.º ao 9.º ano, na sexta-feira, através do diretor do estabelecimento de ensino, mas ontem participou numa reunião com a tutela e “conseguiu convencê-la a recuar” na medida.

“Na sexta-feira fui informado pelo diretor da escola de que teria recebido uma comunicação nesse sentido. Hoje [ontem] tive já uma reunião com o diretor-geral da Administração Escolar [José Alberto Duarte] e, de algum modo, conseguiu-se evitar que isso viesse a acontecer, embora haja duas turmas que têm um número de alunos manifestamente pequeno, porque uma tem três e outra quatro alunos, que terão de se deslocar de Alcoutim para Martim Longo [freguesia situada a cerca de 30 quilómetros]”, explicou o autarca.

Francisco Amaral admitiu ter ficado “assustado” na sexta-feira, quando tomou conhecimento da intenção da tutela, porque “iria diminuir para metade do número de professores e despedir funcionários”, medida que disse também ter conseguido evitar.

O autarca disse que ontem ficou acordado que “nada disso iria acontecer”, que “os professores iriam manter-se os mesmos e os funcionários a mesma coisa” e “apenas haverá uma deslocação de sete alunos da escola de Alcoutim para a de Martim Longo”.

Os alunos em causa são de uma turma do 5.º ano e de outra do 8.º, que no próximo ano letivo irão ter de se deslocar até Martin Longo para terem aulas, numa situação que o autarca lamentou não ter conseguido resolver.

“À partida, aquilo que era uma decisão do Governo de encerrar a escola de Alcoutim, acaba por não se concretizar, e só há uma deslocação de sete alunos, porque são turmas muito pequenas. Eu tentei que esses alunos se mantivesses em Alcoutim, mas não fui ouvido nessa pretensão. Fui ouvido nas outras, a de não encerrar a escola e a de não ser reduzido o número de professores”, frisou.

Questionado sobre os motivos que, na sua opinião, terão feito a tutela recuar na intenção de encerrar a escola de Alcoutim, Francisco Amaral considerou que foram “o facto de ser um concelho muito distante, de serra, o que implicaria deslocações muito grandes dos alunos”.

“Por outro lado, ficarmos reduzidos a metade dos professores e funcionários era uma machadada importante e mais um contributo para a desertificação do concelho”, acrescentou.

O concelho de Alcoutim situa-se no nordeste do Algarve, no interior, e é um dos municípios com população mais envelhecida e com índices de desertificação dos mais elevados do país.

Lusa