A Conferência Episcopal Portuguesa vai apresentar no dia 25 de março o primeiro volume da nova tradução da Bíblia, feita a partir das línguas originais em que os textos sagrados foram escritos.

Segundo o comunicado enviado ao Folha do Domingo, a edição agora ultimada de «Os Quatro Evangelhos e Salmos» faz parte desse projeto que tem como finalidade de ter um “texto uniforme”, traduzido diretamente do hebraico, aramaico e grego, “para uso na liturgia, na catequese e em todas as atividades da Igreja em Portugal e, futuramente, nos outros países lusófonos, que seguem a tradução dos livros litúrgicos”.

A comissão coordenadora do projeto explica que a tradução, iniciada em 2012 com a colaboração de 34 biblistas da Associação Bíblica Portuguesa e de países de língua portuguesa, segue “dois critérios fundamentais”: “ser literal, ou seja transmitir o melhor possível o que os textos exprimem nas línguas originais, e, ao mesmo tempo, compreensível para os leitores e, sobretudo, ouvintes de hoje, visto tratar-se de um texto que também se destina a ser proclamado”.

A comissão acrescenta que “a tradução de cada livro é feita por um biblista perito no livro – que a faz acompanhar de uma introdução e notas explicativas – e revista pela Subcomissão Científica respetiva”, uma para o Antigo Testamento e outra para o Novo Testamento.

Aquela delegação destaca ainda que “a edição sobressai não só pela tradução direta das línguas originais, como pela abrangência do seu processo, que, para além do grande número de colaboradores, inova ao integrar também os leitores no resultado final”. “Decidimos não aprovar e publicar a edição definitiva, sem antes sujeitarmos a presente versão à apreciação dos leitores de língua portuguesa, cristãos ou não. Queremos que a versão final seja, o mais possível, fruto daquela participação sinodal na vida da Igreja, especialmente preconizada a partir do II Concílio Ecuménico do Vaticano e ultimamente reforçada pelo papa Francisco”, refere o presidente da comissão coordenadora.

Para além do presidente D. Anacleto Oliveira, biblista e bispo de Viana do Castelo, a comissão é composta por biblistas da Associação Bíblica Portuguesa (ABP), presidida pelo padre Mário de Sousa, sacerdote da Diocese do Algarve.

A subcomissão científica do Antigo Testamento é constituída por José Augusto Ramos, moderador e catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pelo padre Armindo Vaz e Luísa Almendra, professores de Antigo Testamento na Faculdade de Teologia da UCP Lisboa.

A subcomissão do Novo Testamento é constituída pelo padre Mário de Sousa, moderador e que, para além de presidente da ABP, é professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora; por Pedro Falcão, professor de línguas clássicas Faculdade de Teologia da UCP Lisboa; e por José Carlos Carvalho, professor de Novo Testamento na Faculdade de Teologia da UCP Porto.

A apresentação da edição terá lugar em Lisboa, na Universidade Católica, numa sessão que contará com a presença do cardeal patriarca de Lisboa e do presidente da República. A publicação, de 635 páginas, já pode ser adquirida pelo valor de 10 euros na igreja matriz de Portimão e em diversas livrarias.