Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve referiu-se ontem à noite pela primeira vez ao tema dos abusos sexuais na Igreja, classificando-o como uma “chaga condenável a todos os títulos”.

“Não podemos, de maneira nenhuma, admitir que isto possa continuar na Igreja. Sabemos que a Igreja é santa em Cristo e é pecadora nos homens, inclusivamente naqueles que são chamados ao ministério ordenado, mas não podemos pactuar, de maneira nenhuma, com estas situações”, declarou D. Manuel Quintas no final da missa de Quarta-feira de Cinzas a que presidiu na Sé de Faro.

O prelado manifestou ainda a admiração pela “coragem” do papa Francisco “em querer erradicar da Igreja esta chaga”, crente que o sentimento é comum a todos, e pediu aos cristãos que incluam também aquela causa na sua penitência quaresmal. “Quando o papa pede perdão, é toda a Igreja que o pede e nós também. Quando o papa se entristece e faz penitência, também tendo presente esta chaga, todos nós devemos fazer essa penitência e eu gostaria que incluíssemos todos neste caminho quaresmal de conversão também esta intenção”, pediu.

O bispo diocesano aproveitou ainda para garantir que, durante os quase 19 anos em que está na diocese, nunca ninguém lhe fez referência a qualquer problema daquela natureza. “No que diz respeito a esta chaga nunca ninguém me fez a mais pequenina referência a esse respeito”, assegurou, considerando que isso deve ser “motivo de alegria” e de orgulhos dos cristãos algarvios em relação aos seus padres.

D. Manuel Quintas acrescentou que a Conferência Episcopal Portuguesa “ainda não se reuniu” para que os bispos portugueses possam definir “atitudes comuns”, mas adiantou que “haverá proximamente uma reunião”.