Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O frei Isidro Lamelas afirmou no passado dia 1 deste mês que São Justino foi o «pai» da filosofia cristã e o primeiro a defender “claramente” que a fé e a razão andam “sempre de mãos dadas”.

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O sacerdote franciscano veio ao Algarve naquele dia, em que a Igreja celebra a memória daquele santo, apresentar a sua mais recente obra, com chancela da Paulus Editora, com o título “Justino – Filósofo e Mártir do Século II – Em defesa dos cristãos”.

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A apresentação teve lugar na sala de atos da Sé de Faro, com a presença do autor, docente da Universidade Católica Portuguesa e doutorado em Teologia Patrística.

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O sacerdote franciscano, que é também o diretor da revista “Didaskalia”, destacou que São Justino foi “porta-voz de um momento crucial para o Cristianismo”. “É no século II que se definem uma série de caminhos que nós ainda hoje temos como atuais da nossa Igreja, mas que vêm daqui”, afirmou, explicando que “o diálogo entre o Cristianismo e o Judaísmo é uma das questões cruciais” daquele século.

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O frei Isidro Lamelas acrescentou que o santo, martirizado em 165, apontou não apenas “o eixo sobre o qual construir um diálogo entre Judaísmo e Cristianismo”, mas também “entre Cristianismo e cultura pagã e entre o Cristianismo e as outras religiões”.

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O autor explicou que o santo, natural da cidade que deu origem à atual Nablus, em Israel, movido por uma “sede” interior “de encontrar a verdade” “frequentou várias escolas” filosóficas, desde a pitagórica ao estoicismo e ao aristotelismo. “É exatamente nesse momento, em que ele sente necessidade de se encontrar consigo e fazer uma reflexão mais introspetiva, que lhe aparece, inesperadamente, um ancião que trava um diálogo com ele que está na origem da filosofia cristã”, contou.

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O frei Isidro Lamelas aludiu à necessidade de os cristãos aprofundarem o seu conhecimento da Teologia Patrística e dos seus autores. “Muitas vezes nós não os conhecemos. Chamamos-lhe padres da Igreja porque supostamente somos filhos, mas somos uns filhos um bocadinho desnaturados porque não conhecemos os pais”, lamentou, sublinhando a necessidade de que se procure “enraizar” a cultura cristã, a fé. “Se não conhecemos as fontes, as raízes, que cristãos somos?”, questionou.

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Neste sentido, defendeu que “celebrá-los só com memória litúrgica, não chega”. “Eles deixaram-nos um legado precioso. Devemos ler o que eles disseram e o que eles pensaram. Mas não foi só o que pensaram. Eles deram a vida por aquilo que pensaram”, sustentou, lembrando que São Justino “morreu pelas suas ideias”.

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“Nós somos anões que caminhamos aos ombros de gigantes. Por mais inteligentes, cultos, sábios, enciclopédicos, somos sempre pequeninos ao pé destes gigantes sobre os quais caminhamos. É graças a eles que nós hoje vemos mais longe. E essa capacidade de vermos mais longe pode ser potencializada se continuarmos a conhecê-los, lê-los e a divulgá-los”, concluiu.

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Na apresentação da obra de 192 páginas, que contou também com a presença do frei Paulo Ferreira que fez a apresentação do autor, o vigário geral da Diocese do Algarve, cónego Carlos César Chantre, constatou que a preocupação de São Justino deve ser a mesma dos cristãos de hoje: “testemunhar a fé”.

O representante da editora garantiu a intenção de continuação com a publicação das obras dos padres da Igreja dos primeiros séculos.