Foto © João Mariano/1000olhos

Dois espectáculos para a infância, outro de novo circo envolvendo avós e ainda uma caminhada pela natureza e são algumas das propostas do festival Lavrar o Mar, até maio de 2020, nos concelhos algarvios de Aljezur e Monchique.

O festival Lavrar o Mar, criado em 2016 com uma programação cultural regular para combater a sazonalidade no Algarve, cumpre a quarta edição, inspirada no elemento terra, com mais programação para crianças e uma vertente laboratorial de criação artística.

A quarta edição começou em outubro naqueles dois concelhos, mas só hoje foi apresentada em Lisboa, com os diretores artísticos e programadores, Giacomo Scalisi e Madalena Victorino, a anunciarem os espectáculos que estão ainda previstos até ao final da programação, em maio de 2020.

O ano novo arrancará com a adaptação performativa de dois livros ilustrados do escritor Sandro William Junqueira, “A grande viagem do pequeno Mi” e “A cantora deitada”, em janeiro e fevereiro, respetivamente, com criação de Madalena Victorino.

O primeiro será interpretado por Beatriz Dias e o segundo por Ana Root e Tiago Rouxinol.

Até maio serão estreadas sete outras propostas culturais, de dança, teatro, novo circo e música.

Em abril, por exemplo, haverá um concerto de Páscoa com o Amrat Hussain Brothers Trio, originário do Rajastão, e estreia-se o projeto francês “Avó”, de Cathy Blisson, sobre equilíbrio e acrobacia. Será interpretado por Alexandre Frav e uma idosa.

A quarta edição do Lavrar o Mar fechará no final de maio com a “instalação performativa” “Quando for para a terra”, numa criação coletiva com Madalena Victorino, João Tuna, Remi Gallet, Joana Guerra, Celine Tschachtli, Rita Rodrigues e Inês Faria.

“Temos praticamente duas iniciativas por mês. As pessoas estão numa velocidadede cruzeiro, acaba um espectáculo e já estão a querer saber quando é o próximo. Há um desejo das pessoas que o projeto continue”, afirmou Madalena Vitorino à agência Lusa.

No final da apresentação, Giacomo Scalisi explicou à Lusa que o Lavrar o Mar “não é só uma programação, mas um projeto cultural que se instala no território e que cria um público, uma ligação e um respeito à tradição do território”.

Pela primeira vez, Madalena Vitorino e Giacomo Scalisi obtiveram apoio financeiro da Direção-Geral das Artes para programação a dois anos (2020-2021), com cerca de 276 mil euros, e que permitirão programar com alguma segurança.

“Dá para realizar o que tínhamos pensado para os próximos dois anos. Dá uma segurança que nunca tivemos”, disseram.

Esse apoio estatal junta-se a um financiamento “bastante diversificado” para construir o Lavrar o Mar, contando com verbas europeias, do Turismo de Portugal, das autarquias de Monchique e de Aljezur e do programa cultural 365 Algarve, no qual se insere.

Segundo dados apresentado hoje, desde a primeira edição, o Lavrar o Mar contou com quase 23 mil espectadores e um investimento total de 1,7 milhões de euros em programação que envolve artistas e a comunidade local e coloca aquelas duas localidades no mapa do calendário internacional, referiram Giacomo Scalisi e Madalena Vitorino.

Hoje, na apresentação à imprensa, a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, sublinhou que iniciativas como o programa 365 Algarve, e em particular o Lavrar o Mar, representa “o casamento perfeito entre turismo e cultura”, promovendo a coesão territorial em localidades de baixa densidade populacional.

“Sem o 365 Algarve será muito difícil continuar esta dinâmica que parece imparável, mas é difícil de manter sem os devidos apoios”, disse Madalena Vitorino.