O representante da Direção Regional de Cultura do Algarve, Rui Parreira, considera que o roubo da primeira impressão do Pentateuco da biblioteca do Paço Episcopal de Faro, em 1546, pelo conde de Essex é uma “história de que há sérias razões para duvidar”.
A ideia foi manifestada na apresentação da publicação “Pentateuco: 530 anos de livro impresso em Portugal (1487-2017)” que decorreu no passado dia 6 de dezembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Faro.
Rui Parreira introduziu a nova publicação que reúne o conjunto de estudos apresentados no colóquio de 14 de julho de 2017, realizado em Faro, a propósito da efeméride em torno do primeiro livro impresso em Portugal que está na Bodleian Library da Universidade de Oxford.

O representante da Direção Regional de Cultura do Algarve referiu que o historiador Rui Loureiro, um dos autores de estudos referenciados na obra com organização editorial da investigadora integrada do CHAM – Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Patrícia de Jesus Palma, se refere àquele que é um dos acontecimentos mais conhecidos da história de Faro para defender que o assalto liderado pelo corsário Robert de Devereux se tratou de um “episódio marginal” de uma “expedição organizada pelos ingleses a Cádiz”.
“É uma história muito mal contada. Se não temos documentos, não esperem que eu venha aqui defender o regresso do Pentateuco a Faro”, afirmou, considerando que a devolução do livro “é uma discussão em aberto”. “Não devemos fazer dela o centro da nossa ambição”, defendeu, realçando que a “ambição” deverá ser a “criação de uma rede de entidades que permita criar no Algarve as condições de patrimonialização da cultura do impresso”.
Por outro lado, Rui Parreira considerou a hipótese de devolução não equacionável. “Se vamos por aí, há todo um campo em que Portugal também tem as suas coleções espoliadas de outros países e que também deveria devolvê-las”, sustentou.