"Do nosso ponto de vista, foi uma boa adesão a este protesto contra o desemprego. Tivemos muitos trabalhadores aqui presentes e pensamos que é uma das etapas da luta que vamos continuar contra a precariedade, o desemprego, pela promoção do emprego e pelo desenvolvimento da região", afirmou António Goulart, da União de Sindicatos do Algarve, à Agência Lusa.
Goulart frisou que "o Algarve vive uma situação muito grave", com uma crise económica e social e perto de 30 mil desempregados em janeiro, segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), "número nunca atingido na região".
"Temos a noção clara que o desemprego real é superior a esses 30 mil indicados pelo IEFP. Sabemos que todos os dias estão a encerrar empresas, sabemos que milhares de famílias algarvias estão a passar muito mal, também sabemos que não vai ser o verão turístico que vai resolver o problema, porque não vai ser capaz de reabsorver esta quantidade de postos de trabalho perdidos, e a situação tende neste momento a piorar face à ausência de medidas do Governo", acrescentou.
O dirigente sindical da estrutura afeta à Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) considera que "o Governo, quer este quer o anterior, tem-se limitado àquilo que é um autêntico circo, que é, ao fim de semana, vir à região um ministro, uma ministra, um secretário de estado, cortar uma fitas, fazer umas inaugurações e anunciar uns milhões que ninguém sabe para quê nem quando é que vêm".
"O que temos dito é que é necessário um plano regional articulado de combate à crise e ao desemprego, que reúna um conjunto de medidas, de políticas, de investimentos que sejam credíveis e permitam à região ultrapassar estes problemas", sustentou.
Igualmente presentes na manifestação, que começou no liceu de Faro e terminou na baixa da cidade, estiveram trabalhadores da Allicoop e Allisuper, empresas de supermercados de venda a retalho e ao consumidor final, respectivamente, que, segundo Goulart, "estão uma situação perfeitamente escandalosa".
"É uma empresa que se sabe que é perfeitamente viável e neste momento o que está a travar essa viabilidade é a ausência de decisão por parte da banca pública (Caixa Geral de Depósitos – CGD) de investir 1,2 milhões de euros na empresa, quando nós sabemos que se a empresa for encerrada, só os subsídios de desemprego desses trabalhadores ultrapassam o valor que a CGD não quer neste momento investir", acrescentou.
Maria José Madeira, dirigente e representante sindical da CGTP junto dos trabalhadores da Allicoop, explicou que a presença na manifestação foi "a forma de mostrar ao governo que se está numa situação que não se gostaria e de previsível desemprego se a CGD não dispuser do valor de 1,2 milhões de euros".
Lusa