Foi apresentado na passada sexta-feira, 18 de setembro, o livro do padre Flávio Martins, sacerdote da Diocese do Algarve, intitulado “Palavra no Silêncio”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A publicação é constituída por um conjunto de 80 reflexões pessoais que foram tornadas públicas durante o tempo de confinamento provocado pela pandemia de Covid-19. O padre Flávio Martins foi um dos sacerdotes da Diocese do Algarve que, durante o tempo de confinamento, transmitiu nas redes sociais vários momentos de oração, de recitação do terço e de celebração da eucaristia.

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Na sessão de apresentação, que teve lugar na igreja matriz de Albufeira, o autor explicou que as meditações que deram origem ao livro surgiram de um desafio para escrever na rede social Facebook. “Era uma coisa que já me vinham pedindo há algum tempo e eu sempre tive muita resistência em escrever porque é um risco”, contou o pároco de Albufeira, acrescentando que “ao princípio era só para a Quaresma”, mas depois “meteu-se o confinamento e acabou por ser até ao final da Páscoa”.

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“Quem me conhece sabe que eu não sou muito de me expor assim desta forma”, garantiu, acrescentando que, por isso, “foi difícil”. “Foi um passo muito importante para mim. Foi como que uma grande aventura que iniciei. Foi mesmo a partilha daquilo que fui vivendo, rezando, meditando e da minha própria maneira de ver as coisas”, prosseguiu, explicando que esse legado, que seria apenas para a sua paróquia, acabou por ser aproveitado por cristãos de outras comunidades e dioceses e que depois do confinamento surgiu a proposta de reunir tudo numa publicação.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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“São reflexões pessoais e íntimas que partilho com todos vós. Não são para concordar ou para discordar. São aquilo que lá está escrito. Acima de tudo, o objetivo seria que, ao olhar para o texto, pudéssemos também ajudar a refletir os momentos que vivemos, a partir desta experiência que é muito pessoal”, acrescentou, esclarecendo que nalgumas passagens pode parecer “muito duro e muito crítico”, mas a finalidade não é “destruir ou de dizer que está tudo mal”, antes, “fazer parar e pensar um bocadinho”.

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O autor considera que a obra transparece outro aspeto. “Sempre o cuidado que tive com a Palavra de Deus, sempre um gosto muito grande em preparar, quer a homilia de domingo, quer durante a semana”, realçou, considerando que “a primeira motivação foi o amor e o zelo por este ministério na pregação da Palavra e de anunciar o evangelho”.

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Na apresentação que fez do livro, o padre António de Freitas, que também assina o seu prefácio, realçou que a publicação visa advertir para a necessidade de “dar mais espaço ao silêncio e à Palavra [de Deus]”. “Dar tempo e espaço ao diálogo com Deus, através da sua Palavra, encontrando para isso tempos de silêncio e fazendo do silêncio não um tempo vazio, mas um lugar encontro”, sustentou, concretizando: “esta obra lança-nos este desafio de, procurando encontrarmo-nos com o Senhor através da sua palavra, redescobrirmo-nos a nós mesmos”.

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“Nesta partilha de meditações que o padre Flávio faz através deste livro, encontramos um instrumento para que no silêncio diário possamos fazer da Palavra de Deus um alimento saboreado e assimilado com maior profundidade, de modo a produzir em nós frutos de mudança, de transformação, de conversão e, sobretudo, daquela vida nova, plena, que Jesus Cristo quer dar a cada homem e cada mulher”, prosseguiu o reitor do Seminário de São José de Faro.

O sacerdote evidenciou que o livro resulta do “exercício espiritual, diário, de meditação e de partilha da Palavra de Deus” e surge “num contexto que fez com que um padre, um cristão, não se resignasse ao silêncio inoperante, nem se dedicasse à esterilidade vã de tantas coisas que se foram publicando nos mais diversos meios digitais”. “Diante de um momento dramático da vida dos homens, o padre Flávio quis procurar na Palavra de Deus o alicerce que sustenta e enche de confiança o coração humano, mesmo diante dos maiores dramas da sua vida”, reforçou.

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A terminar, o padre António de Freitas deixou uma proposta ao colega. “Quem sabe se isto não é o pontapé de saída para te encheres de coragem e ires completando a coleção com um ‘Palavra no Silêncio II – Tempo do Advento e do Natal’. Fica o desafio”, disse.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O livro poder ser adquirido em Albufeira na igreja matriz, antes e depois das eucaristias, e no Centro Pastoral Beato Vicente ou solicitado através do email palavranosilencio@gmail.com.

O padre Flávio Martins, de 40 anos, é natural de Monte Gordo. Foi ordenado sacerdote pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, no dia 11 de maio de 2008 na igreja de São Pedro do Mar, em Quarteira.

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Atualmente é pároco de Albufeira, serviço que exerce desde setembro de 2016. Já foi pároco de Cachopo, Martim Longo e Vaqueiros, na serra algarvia, e de Tavira. Entre outros serviços, já foi o diretor do Secretariado da Catequese da Diocese do Algarve e é atualmente o responsável pelo Setor Diocesano da Educação da Fé dos Adultos.