A apresentação da mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais aos profissionais do setor, feita ao final da tarde de hoje em ambiente digital, lembrou-lhes ser “dever dos comunicadores reconhecer o rosto da notícia que é a pessoa concreta, muitas vezes aqueles que não têm voz na sociedade”.

A sessão, destinada aos secretariados diocesanos e jornalistas, estava prevista realizar-se no Algarve, mas a evolução da pandemia de Covid-19 não o permitiu.

Na sessão online, promovida pelo Secretariado das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em conjunto com o Gabinete de Informação da Diocese do Algarve, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais, a quem coube a apresentação do documento, lembrou que o Papa desafia a “um modelo de comunicação que, segundo ele, deve pautar pelo encontro das pessoas como e onde estão”.

D. João Lavrador realçou assim que Francisco evidencia “a exigência do despertar da comunicação social para a realidade concreta das pessoas, tantas vezes trágica e incómoda”. “De facto, a verdade da notícia não se pode limitar a mera opinião ou a relatos alheios à autenticidade dos factos; não deve incorrer no erro de seguir ideologias; e quando se trata de pessoas é a realidade concreta que deve ser atendida”, afirmou.

Aquele responsável lembrou que a comunicação deve ter em conta a “descoberta da verdade, que nunca é alheia à pessoa, mas também à comunidade e às circunstâncias em que vive e se comunica a pessoa humana”. “A comunicação não pode partir de abstrações, preconceitos, ideologias ou manipulações que sirvam interesses particulares. Pelo contrário, ela tem de se situar na descoberta das verdadeiras e profundas interrogações do ser humano e encaminhar para Vida na sua totalidade”, sustentou.

“Numa sociedade fechada em si mesma, em tempo de pandemia a aniquilar-se no medo do encontro, em isolamentos contínuos, urge não perder o que se pretende de uma verdadeira comunicação que deve atender às circunstâncias próprias em que vivem as populações e as pessoas concretas”, prosseguiu, exortando, como refere a mensagem papal subordinada ao tema “’Vem e vê!’ (Jo 1, 46) – Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”, a “não ter medo de gastar a sola dos sapatos e ir ao encontro das pessoas”.

A diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais questionou os comunicadores se trabalham tendo em conta a “constância de um apelo à fraternidade, dentro e fora da Igreja” e a “coragem de ver e denunciar” o que encontram à sua volta. “Conseguimos ter presente no dia a dia, antes de escrever uma peça, de preparar uma emissão ou de pensar num post para as redes, o sentido ético que não nos permite fugir da linguagem que sabemos correta, da necessidade de infundirmos o que fazemos de um sentimento de pertença que nos une?”, interrogou Isabel Figueiredo, desafiando os participantes a “fazer a diferença ao escrever um artigo, ao publicar uma noticia, ao entrevistar este e não aquele convidado, ao escolher primeiras páginas, leads, fotografias, sons”.

Aquela responsável informou ainda que o jornal centenário da Diocese do Porto, ‘Voz Portucalense’, irá receber a título honorífico o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão.

O bispo do Algarve agradeceu o trabalho dos profissionais de um setor que considerou “importantíssimo para a realização da missão da Igreja e de todas as missões humanas”. “Lamentavelmente não nos é possível estar cara a cara, fisicamente, mas por detrás de cada rosto e de cada nome adivinha-se uma vida de entrega e doação à causa da comunicação”, afirmou D. Manuel Quintas, exprimindo a todos “apreço e reconhecimento por tudo aquilo que é feito a nível nacional”, não só a nível eclesial, lembrando “que exige doação, entrega, tantas vezes sacrifício da própria família, pôr em risco a própria vida, sobretudo para aqueles que vão aos locais e vêem para poder transmitir com maior verdade, realidade e autenticidade”.

O bispo do Algarve reconheceu ainda o serviço que os gabinetes de informação prestam às dioceses. “Aqui no Algarve, desde que foi criado o Gabinete de Informação, senti-me, não desresponsabilizado, mas muito mais apoiado neste setor. Pela equipa que se constituiu e continua a trabalhar com grande dedicação e doação, tenho gosto em reconhecer publicamente o seu serviço que é certamente aquele que todos os gabinetes de informação prestam nas suas dioceses”, concluiu.

O 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em maio de 2021. O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes.