“Jesus assume as nossas tentações, traz consigo a nossa fragilidade para vencer o maligno e para nos abrir o caminho rumo a Deus, o caminho da conversão”, destacou o bispo do Algarve na eucaristia de hoje, a que presidiu na capela do Seminário de São José, em Faro.
D. Manuel Quintas lembrou que “a tentação acompanha a fragilidade humana” e que “ser tentado é ter a oportunidade de escolher para poder viver de coração mais cheio”. “Na oração do Pai Nosso, Jesus ensinou-nos a pedir ao Pai: «Não nos deixeis cair em tentação». E não, que nos livre de ser tentados”, distinguiu, considerando que “as tentações de Jesus espelham as tentações de cada ser humano em todos os tempos”. “Podem mudar de nome, mas a sua raiz é sempre a mesma”, sustentou na eucaristia transmitida em direto pelos canais oficiais da diocese, pelo jornal Folha do Domingo e pela Mais Algarve.
O bispo diocesano sublinhou que o núcleo das tentações a que Jesus é submetido “contém a proposta de instrumentalizar Deus, de o usar para os próprios interesses”, ou seja, “de se colocar no lugar de Deus, removendo-O da sua existência e fazendo-O parecer desnecessário, supérfluo”. “Hoje, convidando-me a mim próprio, convido-vos a vós também a nos interrogarmos: que lugar tem Deus na minha vida? O Senhor é Ele ou sou eu?”, interpelou.
“A conversão é um processo que nos acompanha ao longo da vida, para o qual nos sentimos mais estimulados em cada Quaresma, um processo de discernimento no qual participa, de modo eficaz, o Espírito Santo se, para tal, invocarmos a sua ajuda e formos dóceis aos seus impulsos. É Ele que nos ilumina e nos fortalece na fidelidade ao caminho que nos conduz ao Pai”, afirmou.
D. Manuel Quintas lembrou, assim, que “acreditar no evangelho é fruto da conversão e conduz à adesão à pessoa de Cristo”, adesão essa que “envolve a totalidade da pessoa e predispõe para se deixar contagiar pela alegria do evangelho que brota da sua ressurreição”. “Acreditar no evangelho significa acreditar que Cristo está vivo, que nos ama de verdade e, por isso, não nos abandona, nem deixa indiferentes; significa acreditar que Ele caminha connosco, vitorioso, pelos caminhos da história, da humanidade”, complementou.
“Acolhamos o convite de Cristo no início da sua pregação e decidamo-nos a ser construtores e cidadãos deste mundo novo. Que ao longo do nosso caminho quaresmal, Cristo nos ajude a transformar as «cinzas» de penitência e conversão em «lume» novo de Páscoa para aquecer os nossos corações e iluminar as nossas vidas. E também em fogo do Pentecostes para incendiar e contagiar, impelidos pelo Espírito, o mundo com o evangelho, a boa e alegre notícia que Cristo é para todos”, concluiu.
O bispo do Algarve teve novamente presente na celebração “todos aqueles que continuam a sofrer as consequências” da pandemia, particularmente, os falecidos nesta semana, os contagiados e todos aqueles que deles cuidam”. “Mas queremos também – e isso é para nós sinal de esperança – louvar o Senhor por todos aqueles que recuperaram a saúde. Felizmente as notícias têm sido esperançosas e, certamente, são fruto do nosso esforço e do nosso confinamento”, afirmou.