Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estiveram hoje presentes na Universidade do Algarve (UAlg), de manhã no Campus da Penha e de tarde no Campus de Gambelas.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Ao longo do dia, cruz e ícone mariano, foram colocados em locais visíveis e de passagem, tendo sido colocada uma mesa com material informativo sobre a JMJ que terá lugar em Lisboa em 2023. Muitos alunos transeuntes, mas também alguns professores e funcionários, mostraram curiosidade em saber do que se tratava e alguns, na sua maioria católicos, já sabiam que a capital portuguesa acolherá pela primeira vez o encontro mundial da juventude com o Papa, entre 1 e 6 de agosto daquele ano. Outros foram interpelados pelos seus colegas, voluntários da Capelania da UAlg, que distribuíram ‘flyers’ em língua portuguesa e inglesa e marcadores informativos.

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Alexino Bagine, aluno do primeiro ano de Economia na faculdade respetiva, é natural da Guiné, católico, mas disse ao Folha do Domingo que não conhecia as JMJ. À procura de se integrar na comunidade católica algarvia, aquele jovem acrescentou que agora, depois de informado, espera participar na JMJ de Lisboa.

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Já Mariana Madeira, estudante de ciências biomédicas, algarvia e pertencente à paróquia de Pêra, disse esperar participar no evento.

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Quem também espera participar é Marília Agostinho. A jovem trabalha nas relações internacionais da UAlg, é brasileira e participou em vários eventos das pré-jornadas do Rio de Janeiro que tiveram lugar em 2013 no seu país. Na altura, ainda menor de idade, precisava da autorização dos pais para a participar na jornada propriamente dita e diz que por isso acabou por não se inscrever. Agora mostra-se impelida a participar.

Já Luís Carlos Goulart, açoriano, aluno do terceiro ano de Biotecnologia, é católico e já tinha conhecia as JMJ, mas disse que não espera participar na edição de Lisboa.

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Ana Paula Santos, funcionária no Instituto Superior de Engenharia, garante que a visita dos símbolos da JMJ não era do conhecimento da maioria dos funcionários da sua unidade, assegurou que muitos desconhecem mesmo o que é uma JMJ e concordou que a presença ali daqueles símbolos poderá ajudar a conhecer melhor o evento.

Rodrigo Soares, mestrando em Gestão de Marketing e membro da Capelania da UAlg, reconheceu que entre a comunidade académica “não há uma ideia clara do que é uma JMJ”. “Acredito que nesta caminhada que agora começámos em Portugal ainda temos muito caminho a percorrer até essa informação chegar a todos”, afirmou, considerando que a presença dos símbolos na universidade procurou tentar “que cada um se sinta parte deste encontro e desta caminhada”. “Que cada um, a quem consigamos falar, distribuir um ‘flyer’, dizer-lhe que isto vai acontecer, se sinta tocado e parte da jornada. Isto é algo a que não podemos ficar indiferentes porque vai tocar a todos e mexer com o país”, sustentou.

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Aquele jovem explicou ainda ao Folha do Domingo que a Capelania tem recebido pedidos por parte de estudantes de outras religiões que querem perceber se aquele organismo “pode ser um espaço de acolhimento para todos”. “Sendo a JMJ de base católica, mas que acolhe os jovens de todo o mundo, queremos chegar também a esta comunidade estrangeira que tem crescido na nossa universidade”, acrescentou.

Também a professora de literatura Ana Isabel Soares, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, destacou a JMJ como espaço de encontro intercultural e a universidade como “lugar da tolerância, da diversidade e abertura”. “As jornadas são um acontecimento ecuménico também. E a universidade é o lugar para se encontrar jovens de todo o tipo de credos e, nesse sentido, acho que é muito bom que os símbolos estejam aqui”, afirmou aquela docente que também pertence à Capelania.

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“Além dos lugares de culto tradicionais, pensar que estes símbolos refletem mais do que esse culto apenas – refletem uma ação, uma atitude que se prolonga para lá da nossa fé – é uma ação muito positiva, que procura envolver a comunidade e esta é das comunidades que deveriam estar mais atentas a esse tipo de necessidade e de urgência – a da união, compreensão, compaixão – que são as mensagens que estão por detrás destes símbolos”, prosseguiu.

O capelão da UAlg considerou que a reitoria “está de parabéns por esta abertura à diversidade cultural” ao permitir a passagem dos símbolos pela academia e considerou que a sua presença numa escola do ensino superior é “pedagogicamente relevante”. “Quando quiseram pôr fora os símbolos religiosos não se aperceberam que estavam a pôr em causa as raízes da própria cultura do país”, afirmou o cónego Carlos César Chantre, considerando “um sectarismo fingir que a religião não faz parte da cultura do povo”.

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“Assim como há símbolos políticos, símbolos nacionais, símbolos desportistas, símbolos das várias instituições, também há símbolos religiosos”, constatou, considerando haver “preconceitos” que “são anticultura”.

O capelão defendeu assim que aqueles símbolos da JMJ trouxeram consigo a mensagem da “humanização da cultura” e da “humanização da ciência”. “Aliás, a JMJ é precisamente para despertar os jovens que são a geração do presente e do futuro para olhar para estas coisas com menos preconceito”, referiu.

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Aquele responsável adiantou ainda que ao “ponto de partida” de hoje seguir-se-á um encontro sobre a JMJ que está a ser programado para dentro de algumas semanas.

A UAlg conta com cerca de 8000 estudantes. Mais de um quinto dos alunos são estrangeiros, o que a torna na instituição com maior percentagem de estudantes não nacionais no ensino superior português, atualmente com 86 nacionalidades, sendo o Brasil o país com maior representatividade.

A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984 e marcou o início de uma peregrinação da juventude de todo o mundo; em 2000, o mesmo pontífice confiou aos jovens uma cópia do ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’.