O último encontro ‘Algarve Rumo ao 23’, no passado dia 23 deste mês na igreja de Santa Maria de Lagos, ficou marcado não apenas pela presença dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entretanto já entregues à Diocese de Beja, mas também pelo testemunho de três algarvios que já participaram em várias edições daquele encontro mundial com o Papa.

A primeira partilha veio de Espanha, onde se encontra a irmã Cristina Silva, carmelita missionária, a trabalhar. A religiosa, que participou nas JMJ de Paris (1997), Roma (2000) e Colónia (2005), disse, por videoconferência, que essas experiências a ajudaram a perceber a universalidade da Igreja, “com diferentes culturas e diferentes realidades” e “que havia uma dimensão de Igreja que era perseguida” e que ser cristão nesses países significava “arriscar a vida continuamente no dia a dia”. “Perceber que havia jovens que arriscavam a vida para ser cristãos, que viviam uma realidade de Igreja perseguida, marcou-me bastante”, contou.

“Foi mudando a minha maneira de ver e sentir a Igreja e de me sentir Igreja. Também foi ao mesmo tempo uma experiência de alguma maneira libertadora, no sentido de perceber que havia muitos mais jovens como eu que eram cristãos noutros lugares do mundo”, acrescentou, explicando que lhe tocou o desafio do Papa João Paulo II aos jovens para que abrissem as portas a Cristo. “Sentir que éramos o presente e o futuro da Igreja interpelava-me de uma maneira muito forte”, afirmou, lembrando que as JMJ motivaram a interpelação vocacional que sentiu e o amadurecimento da fé.

“Colónia foi a JMJ do amadurecimento maior. Em outubro seguinte fui para Espanha para começar a minha formação de Carmelita Missionária, dando um passo nesta resposta de abrir as portas a Cristo”, contou, considerando que as JMJ são importantes porque “marcam a vida”.

A última edição do encontro mensal de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023, em Lisboa, com a participação de cerca de 80 jovens e adultos, prosseguiu com o testemunho de um seminarista da Diocese do Algarve, que participou nas JMJ de Colónia, Madrid (2011) e Rio de Janeiro (2013). Getúlio Bica disse que a motivação que o levou às JMJ foi “procurar explicações” e “provas” para as suas interrogações. “E, de facto, encontrei porque mais do que experienciar a vivência da JMJ, foi o testemunho que vi da parte dos outros jovens”, contou, acrescentando que uma das experiências “mais marcantes” da sua vida foi ter visto na JMJ de Madrid uma multidão de muitos jovens em manifestação de grande alegria ter feito silêncio repentino porque estava a chegar o Papa. “Essa experiência não há laboratório nenhum que a possa fazer. Só nós, numa JMJ, podemos ter esta experiência de uma multidão tão obediente, verdadeira e sincera”, sustentou.

“A minha vida não seria igual sem estas JMJ. Não foram só as JMJ que me fazem estar aqui hoje e a ter tomado as decisões que já tomei, mas colaboraram em grande parte. Todos os testemunhos que fui vivendo nas JMJ fazem com que a fé que tenho em Cristo solidifique ainda mais”, prosseguiu.

A terceira participante participou nas JMJ de Colónia, Sidney (2008), Madrid, Rio de Janeiro e Cracóvia (2016). Elsa Santiago, leiga casada, lembrou o encontro na Alemanha, com um Papa alemão. “Um Bento XVI que a mim não me tocava e que descobri na JMJ”, afirmou.

Ter ido à Austrália responsável pelo grupo de 13 algarvios, incluindo uma menor que ficou à sua guarda durante o evento, foi uma experiência que recordou, mas também o encontro da Cracóvia. “Se a JMJ apelou à minha fé e à necessidade de ser cristão, a Polónia tocou-me humanamente como sou feliz por ser livre de celebrar a minha fé. Que felicidade é sermos cristãos livres para amar, para cuidar, para ir à missa ou não”, afirmou, lembrando que “alguns tiveram de fugir dos próprios países para poderem viver as JMJ” em que participou.

Elsa Santiago destacou que nas JMJ “não há hotéis de luxo”. “É uma mochila às costas, é um calçado prático. Não há unhas grandes, nem penteados fantásticos. Não há festas de bailes de gala com vestidos compridos, nem lantejoulas. Mas há uma felicidade e uma alegria fora de série”, garantiu.
Aquela participante apelou ainda ao acolhimento na JMJ de Lisboa. “Se vos baterem à porta e vos perguntarem se querem receber jovens em vossa casa, acolher peregrinos de outros países para viver a JMJ de Lisboa, não digam que não. Não fechem as portas porque é uma experiência também do outro mundo. Vão experienciar um amor de Deus que só se vê quando se dá”, referiu, pedindo ainda aos presentes que ajudem a desmistificar equívocos. “Quem paga as JMJ somos nós, é a Igreja. Há pessoas que não sabem disto e vocês têm de saber explicar isto também”, afirmou, confessando por fim que se comoveu quando soube que os símbolos da JMJ iam estar na sua paróquia.