Foi apresentado no último domingo, em Portimão e em Faro, a mais recente obra bibliográfica do cónego Mário de Sousa, presbítero da Diocese do Algarve, o “Comentário ao Evangelho de São Marcos”, publicado no dia 28 de março pela Paulus Editora.

Na apresentação destacou-se que o estudo de cada episódio está dividido em duas partes: a análise e o comentário. “A análise sublinhando as questões mais significativas da crítica textual, os principais aspetos linguísticos, gramaticais e semânticos, as estatísticas, apontamentos de tipo histórico ou geográfico, as referências bíblicas que estão na base ou iluminam o conteúdo”, precisou o cónego Carlos de Aquino que teve a cargo a apresentação em Portimão, na igreja matriz, onde também esteve presente a presidente da Câmara Municipal, Isilda Gomes.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lembrando que “em muitos apontamentos, o autor não deixa de apresentar a sua própria posição e reflexão aprofundada e que o distancia de outros estudos e opiniões”, o apresentador acrescentou que “no comentário é feita a leitura narrativa e teológica, sobretudo cristológica e eclesiológica e a pragmática”.

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Na apresentação que em Faro teve lugar no Seminário de São José, António Ventinhas realçou que, “do ponto de vista sistemático, o autor não efetua uma interpretação isolada do evangelho mas têm sempre em conta os restantes livros que constam da Bíblia”. “As afirmações que o autor faz no comentário relativamente a cada um dos temas são devidamente enquadradas com citações de outros evangelhos e textos bíblicos. Na análise a diversos temas, o autor chega a fazer uma análise comparativa do evangelho de Marcos com os outros evangelhos sinóticos”, acrescentou o apresentador, referindo que na obra “encontra-se citada abundante doutrina que sustenta as conclusões vertidas no texto”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O cónego Carlos de Aquino considerou que o novo livro constitui “um precioso aprofundamento académico, mas também evidencia uma profunda sensibilidade pedagógica e pastoral, fruto da reflexão que brota de uma fé esclarecida e iluminada pela Palavra”. “E neste sentido torna-se um valioso e imprescindível contributo para um caminho de crescimento espiritual”, acrescentou.

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António Ventinhas defendeu que “a forma como a obra se encontra escrita torna-a valiosa quer para os teólogos e o clero, quer para os leigos e até para aqueles que não são crentes”. “Trata-se de uma obra de leitura obrigatória para quem queira aprofundar o conhecimento do evangelho e, por essa razão, cada membro da comunidade deveria ter um exemplar na sua casa. A valia desta obra não deve ficar circunscrita a Portugal ou aos países de língua portuguesa, pelo que sugiro que se diligencie pela tradução e edição em outras línguas e se difunda a mesma internacionalmente”, sugeriu.

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Presente em Faro, o bispo do Algarve salientou a contribuição da publicação para o discernimento cristão dos crentes. “Estamos gratos ao padre Mário por este dom que nos vai ajudar a conhecer melhor quem é Jesus para sabermos melhor o que devemos ser nós para ser seus verdadeiros discípulos”, referiu na apresentação que contou também com a presença da diretora regional de Cultura do Algarve, Adriana Nogueira.

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O autor explicou que a obra surgiu da necessidade de fazer uma nova tradução do evangelho de Marcos no âmbito do trabalho da Comissão de Tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa. “Foi um motivo para aprofundar o mundo de Marcos e a preciosidade da sua obra”, confessou, explicando que o livro começou a ser escrito durante a pandemia.

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O cónego Mário de Sousa defendeu ainda a perspicácia do evangelista perante um risco após a morte dos discípulos de Jesus. “Com a partida das testemunhas oculares havia o perigo – como sempre há – da deturpação, quer do que Jesus disse, quer do que Jesus fez, caindo na tentação, que sempre esteve presente ao longo da história e até em nós próprios, de fazermos um Jesus ao nosso jeito. Por isso, começaram a surgir pequeninos textos para conservar aquilo que as testemunhas oculares tinham pregado e anunciado. Começaram a surgir coleções. Para as comunidades que só tinham acesso às coleções das parábolas Jesus aparecia apenas como um contador de histórias. As comunidades que tinham acesso apenas à coleção de milagres ficavam com uma ideia de Jesus de um milagreiro. As comunidades que apenas tinham acesso aos ditos de Jesus ficavam com a ideia de um Jesus mestre, muito de âmbito gnóstico. Por isso, Marcos – e aqui está a sua genialidade – foi o primeiro a perceber que era importante inserir tudo isto no contexto da vida de Jesus porque aquilo que Jesus disse e fez apenas se pode perceber contexto e na totalidade do mistério da sua pessoa”, afirmou.

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O biblista salientou assim que “a preocupação de Marcos foi conservar com fidelidade o ministério e o mistério de Jesus”. “O grande convite que Marcos faz a todos nós: que acompanhemos a vida de Jesus para descobrir em Jesus de Nazaré o Messias e o filho de Deus”, concluiu.

As apresentações contaram ainda com a atuação dos coros ‘Jubilate Deo de Tavira’, em Portimão, e ‘Cantate Domino’, em Faro.

A publicação, que integra a coleção ‘Bíblica’, está disponível para aquisição pelo valor de 32,85 euros nas livrarias Paulinas, Fnac, Bertrand e Wook em todo o país.