Eucaristia em sintonia com o 10º Encontro Mundial das Famílias assinalou jubileus matrimoniais de casais que comemoram 25 e 50 anos este ano

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve disse ontem às famílias algarvias que “é fundamental criar espaços e situações para avivar o amor”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas falava na Eucaristia a que presidiu na igreja de São Pedro de Faro, promovida pela Diocese do Algarve, através do Setor Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF), em sintonia com o 10º Encontro Mundial das Famílias (EMF) que hoje terminou em Roma.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“É importante crescer no amor em todas as opções da nossa vida, particularmente na vida matrimonial. E é importante parar para avivar, deixar que novamente vos invada esse primeiro encontro mútuo, essa primeira paixão, essa primeira declaração com que se iniciou este caminho”, afirmou o bispo diocesano, desejando que o “avivar do amor” “possa, de certa maneira, diluir tantas situações que fazem parte de quem é humano, de quem é peregrino, de quem caminha”.

O responsável católico lembrou aos casais presentes a importância do “apoio mútuo”, do “amparar-se mutuamente”, do “suporte”. “Não, o suportar com dificuldade, mas o suporte de apoio”, clarificou, referindo-se ao “apoio mútuo, de um que suporta o outro, que o ampara, orienta, alivia a situação em que está”.

D. Manuel Quintas citou depois a exortação do Papa ‘Amoris Laetitia’ para lembrar as três “palavras-chave” recomendadas por Francisco para a família, “sobretudo quando parece que o diálogo deixa de existir e que o silêncio incomoda”: “com licença”, “obrigado” e “desculpa”. O bispo do Algarve disse serem “palavras essenciais na construção da vida familiar, na edificação e revitalização do amor ao longo de toda a vida” e que “deviam ser palavras que brotam espontaneamente de cada um dos dois na vida familiar”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Depois da publicação desta exortação sobre a alegria do matrimónio e do amor, o Papa quis que vivêssemos um ano dedicado a esta exortação que termina neste fim de semana com este 10º EMF”, recordou.

D. Manuel Quintas desejou que a celebração de ontem possa ajudar a “crescer” e “revitalizar o amor”, “numa adesão mais plena à pessoa de Cristo”, acrescentando que “a família é testemunho” da “grandeza” e da “beleza do amor de Deus”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Eucaristia contou com 15 casais que celebraram jubileus de 50 e 25 anos de matrimónio durante este ano. Depois da homilia, o bispo do Algarve realizou a bênção das suas alianças. Durante a homilia, já D. Manuel Quinta se tinha referido aos aniversariantes. “Hoje quem faz a homilia sois vós, pela vossa presença, testemunho, pela presença também dos vossos familiares, filhos e netos. E tudo isto é a sinfonia do amor de Deus vivido e experimentado na própria família”, disse.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Após a bênção, os casais jubilados rezaram a oração oficial para o EMF.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Eucaristia ficou ainda marcada pelo “mandato” que o bispo do Algarve escreveu às famílias algarvias, “apoiado pela Equipa Diocesana de Pastoral Familiar”, e que fez questão de ler na celebração. “Vivemos tempos particularmente especiais, tempos que nos colocam à prova, sobretudo os mais vulneráveis. Este contexto particular leva-me a interrogar se tendes tido ocasião de viver a partir do amor, para o amor e o amor. Concretamente, interrogo-vos se tendes encontrado tempo e espaço na vossa vida familiar para crescer no respeito mútuo, na paciência contínua, na doação sem reservas e no perdão que renova e fortalece o amor”, afirmou.

D. Manuel Quintas referiu-se à “experiência da fragilidade e da debilidade” que “famílias e pastores incluídos” vivem “todos os dias”. “Temos necessidade de uma humildade renovada que molde o desejo de nos formarmos, de nos educarmos e de sermos educados, de ajudarmos e de sermos ajudados, de acompanharmos, discernirmos e integrarmos todos os homens de boa vontade”, considerou.

Baseando-se na carta escrita pelo Papa Francisco por ocasião do ano ‘Amoris Laetitia’, o bispo do Algarve recordou que a família é a “célula fundamental da sociedade” e que, por isso, compete-lhe o “desafio de lançar pontes entre gerações para a transmissão dos valores que constroem a humanidade”. “É necessária uma nova criatividade para expressar, nos desafios atuais, os valores que nos constituem como povo nas nossas sociedades, e como Povo de Deus na Igreja”, desenvolveu.

“Mais do que nunca, importa que assumais o vosso papel na Igreja, que se quer em saída, uma Igreja que não passe distante das feridas do homem, uma Igreja misericordiosa, que anuncie o coração da revelação de Deus Amor, que é a Misericórdia”, continuou, pedindo aos casais que se assumam “sempre como caminhantes, naquele peregrinar interior que constitui uma manifestação de vida autêntica” e que sejam “lugares e testemunhas de misericórdia”.

“Ainda que o receio e até o medo do desconhecido vos invadam, lembrai-vos que a relação com Deus molda-nos, acompanha-nos e coloca-nos em movimento como pessoas e, em última instância, ajuda-nos a «sair»; lembrai-vos que não estamos sozinhos porque Deus caminha connosco, está em nós e no meio de nós”, complementou.

O bispo diocesano pediu às famílias que permaneçam “unidas em oração”. “Uma oração cada vez mais humilde, mais sóbria, permeada pela constância da própria indignidade, das próprias misérias e sobretudo reconhecida da necessidade do perdão e da misericordiosa de Deus”, especificou, pedindo-lhes também que guardem a fé. “Não vos limiteis a guardar a fé. Celebrai-a também em família, testemunhai-a, irradiai-a, levai-a longe, em particular nas periferias e, sobretudo transmiti-a às famílias. Vivei a alegria da confiança de que o Senhor está perto, escuta o grito dos humildes e liberta-os do mal”, acrescentou, desafiando-as a “viver e transmitir a outros este mandato”.

D. Manuel Quintas considerou que seria bom que todos os anos houvesse “uma celebração assim para dar força e um ânimo novo” às famílias da diocese.

Na missa concelebrada pelo cónego César Chantre, o assistente do SDPF destacou a presença naquela celebração de representantes do Movimento Famílias Novas, um ramo do Movimento dos Focolares, das famílias dos Cursos de Cristandade e das Equipas de Nossa Senhora.

 

Mandato às Famílias do Algarve

Queridas Famílias do Algarve!

O caminho que percorrestes ao longo deste ano, promovido pela Pastoral Familiar e, de modo particular, a realização deste encontro diocesano, em comunhão com o X Encontro Mundial das Famílias em Roma, oferecem-me a oportunidade para vos dirigir este mandato, apoiado pela Equipa Diocesana de Pastoral Familiar.

Como todos sabemos, vivemos tempos particularmente especiais, tempos que nos colocam à prova, sobretudo os mais vulneráveis.

Este contexto particular leva-me a interrogar-vos se tendes tido ocasião de viver a partir do amor, para o amor e no amor. Concretamente, interrogo-vos se tendes encontrado tempo e espaço na vossa vida familiar, para crescer no respeito mútuo, na paciência contínua, na doação sem reservas e no perdão que renova e fortalece o amor.

Todos os dias vivemos a experiência da fragilidade e da debilidade, e por este motivo todos nós, famílias e pastores incluídos, temos necessidade de uma humildade renovada que molde o desejo de nos formarmos, de nos educarmos e de sermos educados, de ajudarmos e de sermos ajudados, de acompanharmos, integrarmos discernirmos e todos os homens de boa vontade.

Recordo-vos que a família é a “célula fundamental da sociedade”, por isso, compete-vos o desafio de lançar pontes entre as gerações para a transmissão dos valores que constroem a humanidade. É necessária uma nova criatividade para expressar, nos desafios atuais, os valores que nos constituem como povo nas nossas sociedades, e como Povo de Deus na Igreja.

Mais do que nunca, importa que assumais o vosso papel na Igreja, que se quer em saída, uma Igreja que não passe distante das feridas do homem, uma Igreja misericordiosa, que anuncie o coração da revelação de Deus Amor, que é a Misericórdia.

Queridas famílias, assumi-vos sempre como caminhantes, naquele peregrinar interior que constitui uma manifestação de vida autêntica, sede lugares e testemunhas de misericórdia. Ainda que o receio e até o medo do desconhecido vos invadam, lembrai-vos que a relação com Deus molda-nos, acompanha-nos e coloca-nos em movimento como pessoas e, em última instância, ajuda-nos a “sair”; lembrai-vos que não estão sozinhos porque Deus caminha connosco, está em nós e no meio de nós.

Permanecei unidas em oração, uma oração cada vez mais, humilde, mais sóbria, permeada pela consciência da própria indignidade, das próprias misérias e sobretudo reconhecida da necessidade do perdão e da misericórdia de Deus.

Guardai a fé e segui o exemplo de São Paulo, ou seja, colocai o fermento da fé e o sal do amor, que tempera, dá sabor e cor à vida, nos gestos mais simples de todos os dias.

Não vos limiteis a guardar a fé. Celebrai-a também em família, testemunhai-a, irradiai-a, levai-a longe, em particular nas periferias e, sobretudo transmiti-a às famílias.

Vivei a alegria da confiança de que o Senhor está perto, escutas o grito dos humildes e liberta-os do mal.

A proteção da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São José vos acompanhe sempre a todos e vos ajude a caminhar unidos no amor e no serviço recíproco.

Faro 25 de junho de 2022

Manuel Quintas, Bispo do Algarve