Na sua mensagem para Quaresma de 2013, poucos dias após o anúncio da renúncia do Papa Bento XVI, hoje falecido, o bispo do Algarve destacava os pontos fortes do seu pontificado.

D. Manuel Quintas sublinhava a “frontalidade” de Bento XVI “em assumir e enfrentar as «chagas» que fragilizam a Igreja, causa principal do seu sofrimento, mais do que ataques exteriores”. O prelado apontava igualmente “a sua coragem em promover o diálogo com todos: conciliador com as fações dentro da Igreja, ecuménico e envolvente com as Igrejas cristãs, inter-religioso e aberto com o islamismo e o judaísmo”.

O bispo do Algarve considerou mesmo que “Bento XVI foi gradualmente surpreendendo e cativando, mesmo os mais “céticos” a seu respeito, dentro e fora das fronteiras da Igreja”. “O seu amor à verdade aproximou-o de quantos, provenientes de diferentes saberes e culturas, a procuram de modo existencialmente honesto. Fez depender da verdade, apoiada no amor, o desenvolvimento humano integral: um grande desafio para a Igreja num mundo em crescente e incisiva globalização”, escreveu D. Manuel Quintas.

O bispo do Algarve, que já considerara a renúncia do Papa alemão uma “lição eloquente” para toda a Igreja, complementa agora que essa decisão “contém uma mensagem que, pela sua coragem e as motivações pessoais que a sustentam, ultrapassa os limites geográficos e humanos da Igreja Católica”.

O prelado salientou que, não obstante a “fragilidade física” que se acentuava, “de modo natural e irreversível”, o Papa continuava a cativar pela sua “profundidade espiritual e pela lucidez e clarividência do seu pensamento”. “Muito nos «ensinou», Bento XVI, nestes poucos anos do seu ministério petrino. Mais nos diz agora com esta sua decisão corajosa, desprendida, reveladora da procura do «melhor» no serviço a Cristo, à Igreja e ao mundo”, acrescentou.

No documento quaresmal, o bispo do Algarve convidou ainda a Igreja diocesana do Algarve a “intensificar” a sua comunhão na resposta ao pedido que Bento XVI de rezar por ele, pelo seu sucessor e pela Igreja, intenção que D. Manuel Quintas pede para “estar presente nas celebrações eucarísticas dominicais e, de modo particular, durante o próximo Conclave”.