Foi ontem inaugurada no Carvoeiro, pertencente à paróquia de Lagoa, a remodelação da ermida “de luz” emanada de Jesus ressuscitado que passou a ser a sua figura principal.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O bispo do Algarve começou por destacar, na Eucaristia a que presidiu ontem à tarde na Ermida de Nossa Senhora da Encarnação, essa nova “centralidade de Cristo”, considerando que “tudo aquilo que foi acrescentado a nível de embelezamento tem esse objetivo”. “Cristo deve ocupar um lugar central na nossa vida, na vida daquilo que celebramos, projetamos e sonhamos. Por isso, olhar para tudo aquilo que nos envolve sem ter presente este principio fundamental inspirador é despi-lo do seu conteúdo essencial. Mesmo quando contemplamos cenas dos mistérios do terço. Parece que o centro é Maria, mas tudo isto converge para Jesus”, salientou D. Manuel Quintas, considerando que a artista plástica Lígia Rodrigues “embelezou” aquela ermida, ajudando a “rezar melhor”.

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Na sessão que se seguiu à celebração concelebrada pelos padres Nuno Coelho, pároco de Lagoa, José Nunes, antigo pároco de Lagoa e mentor daquela remodelação, e António Manuel Martins, capelão da comunidade da Capela do Rato, em Lisboa, e sacerdote da Diocese do Algarve, o bispo diocesano deixou mesmo o desafio que todos possam visitar a ermida “com calma” e “contemplem bem cada um dos quadros”. “Podem ter a certeza que vos ajudará no crescimento também da fé e no seu testemunho”, garantiu o bispo diocesano que agradeceu a disponibilidade do município a recuperação do património e também para a sessão cultural daquela noite.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A própria autora da intervenção artística realizada ao longo de mais de uma década confirmou a intencionalidade de atribuir a centralidade a Cristo naquele espaço. “Este Cristo é a luz. A luz vem dele. Não é uma peça iluminada de fora”, referiu Lígia Rodrigues, natural do Porto, mas sedeada no Algarve desde 1999.

A artista referiu-se ainda ao “momento de interioridade” que antecede cada obra sua. “É preciso fazer silêncio para ouvir aquela verdade que tem tudo a dizer e que não sou eu, mas que encontro neste infinito dentro de mim e dentro dos outros. Aprendi que tenho de calar diante de Deus para dizer o que Ele quer que eu diga”, explicou.

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Também a vice-presidente da Câmara de Lagoa destacou a “remodelação de luz” daquele espaço, que disse ser de todos, e a “renovação entre a comunhão do passado” que considerou ter sido “conseguida”. “Conseguiu transmitir de uma forma clamorosa, fantástica, um Cristo redentor, mas um Cristo ressuscitado que nos dá esperança, luz, vontade de caminhar sempre em prol do outro”, afirmou Anabela Simão.

A autarca agradeceu ainda ao padre José Nunes “por tudo o que fez a Lagoa”, concretamente pela “obra fantástica com muito sacrifício pessoal” que deixou. Anabela Simão leu uma mensagem do presidente da Câmara que não pôde estar presente. Luís Encarnação realçou que “preservar a ermida de Nossa Senhora da Encarnação significa também manter um bem cultural e social de grande importância para a praia do Carvoeiro e para o município de Lagoa num ano em que o concelho comemora 250 anos da sua criação”. “Eternamente grato fico ao padre José Nunes e à Lígia Rodrigues também que tanto contribuíram para deixar nesta nossa terra um toque de infinito”, escreveu.

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O diretor do Museu do Santuário de Fatima, que é simultaneamente o diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima, também sublinhou a “grande metáfora” daquele lugar, a “transfiguração da matéria”. “Esta ermida fala-nos de autenticidade, de simplicidade de formas, matéria tratada de forma sintética, de verdade artística. Estamos perante uma capela não toda de ouro, mas toda de luz”, afirmou Marco Daniel Duarte, evidenciando que aquela ermida “tem uma história que não é estanque e que continua a ser história com a humanidade que continua a viver nela”.

Por fim, Marco Daniel Duarte deixou um desafio às autoridades religiosas e civis. “Não deixemos de fazer catequese a partir daquela obra e não deixemos também de chamar aqueles que não crêem porque se vão deixar transfigurar pelo belo”, concretizou.

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Aquela sessão, que teve lugar no anfiteatro atrás da ermida e junto à fortaleza sob o tema “Passos de Luz entre Terra e Céu” após a Missa, teve como apresentadores Raquel Travia, Tiago Nogueira e Maria Sameiro Freitas e contou com música e pintura. O programa foi composto por Carmen Danen (cantora) e Catarina Martins (cantora), pelo duo Laura Pereira (voz) e Miguel Seveferino (voz e guitarra), pela Soul Band da Associação Filarmónica de Faro, por músicos do polo de lagoa de Guitarra Clássica da Orquestra do Algarve e pelos guitarristas Jorginho Mateus e Tiago Neves.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Durante a noite cultural, que também serviu de homenagem ao padre José Nunes, foi pintado com a ajuda dos presentes um painel inspirado no tema do evento e apresentada uma brochura editada pela Câmara Municipal sobre a remodelação da ermida, cuja receita, angariada com o contributo de cada pessoa que a adquiriu, reverteu para a Cáritas Paroquial. Dois jovens da paróquia de Lagoa deram também a conhecer o grupo que a representará na Jornada Mundial da Juventude.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A Eucaristia e a sessão que lhe seguiu foram transmitidas pela Mais Algarve em colaboração com o jornal Folha do Domingo nas suas plataformas digitais.